sexta-feira, 18 de maio de 2012

A Pianist Spy - Capitulo 25


Capitulo 25

  Lauren entrou no escritório num estado de raiva fria, assassina. Simone Whitworth queria a “herança” do adorado segundo filho destruindo o que o primeiro construíra. Mais ainda, esperava que ela ajudasse. Estava a ser chantageada, e ela sabia que a chantagem jamais teria um fim. Os Whitworth eram ambiciosos, grosseiros e inescrupulosos. Antes de serem liquidadas, as indústrias da K’s tornar-se-iam em mais uma parte da herança de Carter.
  Alguns minutos depois, o telefone na sua mesa tocou. Automaticamente, ela atendeu.
  — Detesto apressá-la, minha querida — chegou a voz suave de Gordon —, mas quero essa informação ainda hoje. Trate de descobrir os lances que preciso em algum lugar no departamento de Engenharia. Se eu puder ter a folha principal, seria perfeito.
  — Farei o melhor que puder — respondeu ela, com a voz uniforme.
  — Excelente. Muito sensato. Encontro-a lá em baixo, em frente do prédio, às quatro da tarde. Desça e atravesse a correr o saguão, eu esperarei no carro. Não demorará dez minutos.
  Lauren desligou o telefone e atravessou os escritórios até o departamento de Engenharia. Por enquanto, não tinha qualquer preocupação de estar a agir de forma suspeita. Tão logo Jim retornasse, ela própria contaria o que tinha acontecido. Talvez ele até a ajudasse com o Bill.
  — O senhor Williams queria os arquivos desses quatro projetos — disse à secretária do departamento.
  Em questão de minutos, tinha os quatro nas mãos. Levou-os de volta para a sua mesa. Na frente de cada um, a folha principal mostrava o nome do projeto, um resumo do equipamento técnico que seria fornecido, se o contrato fosse concedido à K’s, e a quantia que a empresa oferecia.
  Ela retirou as folhas e foi até à fotocopiadora, depois levou as cópias e os originais de volta à mesa. Devolveu os originais aos arquivos e, com um corretor, com todo o cuidado e calma, mudou os valores que a K’s oferecia, aumentando cada número em vários milhões de dólares. Embora o corretivo fosse visível nas cópias com que trabalhava, quando tirou outras cópias, ele ficou invisível e as mudanças, impossíveis de serem detetadas. Lauren ia afastar-se da fotocopiadora quando um rapaz de rosto redondo se adiantou.
  — Com licença — ele disse. — Sou da empresa que presta serviços de manutenção a essa fotocopiadora, que parece ter tido problemas o dia todo. A senhora importar-se-ia de passar de novo os originais pela máquina para eu ver se está a funcionar bem?
  Uma vaga inquietação agitou-se nela, mas a máquina realmente vinha apresentando defeitos com regularidade, e por isso cedeu. O rapaz retirou as cópias da bandeja assim que saíram, olhou-as e assentiu com a cabeça.
  — Parece que desta vez consertaram-na mesmo — disse.
  Lauren viu-o colocar as cópias na cesta do lixo ao afastar-se.
  Mas não o viu abaixar-se para apanhá-las um instante depois.
  Enquanto Lauren atravessava o saguão, um Cadillac parou junto ao passeio. A janela ao seu lado baixou automaticamente e ela curvou-se para entregar o envelope a Gordon.
  — Espero que entenda como isso é importante para nós — ele começou — e...
  A fúria bramiu-lhe de cima a baixo, gritando-lhe nos ouvidos. Após girar nos calcanhares, ela voltou a correr para o prédio. Quase se chocou com o rapaz de rosto redondo, que escondeu às pressas uma câmara fotográfica nas costas.

***

  — Graças a Deus, voltou! — desabafou Mary no fim da tarde de quarta-feira, quando Bill entrou apressado no escritório, seguido por Ericka e Jim. — Mike Walsh precisa falar com você imediatamente. Disse que é uma emergência.
  — Mande-o subir — respondeu Bill. — E depois venha juntar-se a nós para um brinde. Vou levar Lauren a Las Vegas para nos casarmos. O avião está a ser reabastecido e inspecionado neste instante.
  — Lauren sabe disso? — perguntou Mary, franzindo a testa. — Ela está lá em baixo, no escritório de Jim, mergulhada em trabalho.
  — Eu a convencerei da sensatez do plano.
  — Depois do avião levantar voo, ela não terá mais nenhuma opção — contribuiu Ericka, com um sorriso de quem sabe das coisas.
  — Isso mesmo. — Bill riu, muito bem-humorado. Sentira tanta saudade dela que lhe telefonara três vezes por dia, como um adolescente apaixonado. — Fiquem à vontade — acrescentou, virando-se para trás. Estendeu o braço até um extenso armário que continha várias mudas de roupa e tirou de lá uma camisa limpa.
  Cinco minutos depois, saiu da casa de banho recém-barbeado e deu uma espiada em Mike Walsh e no rapaz de rosto redondo em pé perto do sofá, onde se achavam sentados Jim e Ericka.
  — O que aconteceu, Mike? — perguntou Bill, encaminhando-se para o bar e tirando uma garrafa de champanhe, de costas para os outros.
  — Há um vazamento de informações no projeto Rossi — começou o advogado, cauteloso.
  — Certo. Eu disse isso a si.
  — Os sujeitos em Casano que tentavam encontrar Rossi são homens de Whitworth.
  Apenas houve uma momentânea imobilidade na mão de Bill enquanto ele desenroscava o arame da rolha de plástico do champanhe denunciou a tensão ao ouvir o nome de Whitworth.
  — Continue — insistiu sem se alterar.
  — É evidente — prosseguiu o advogado — que uma mulher na nossa folha de pagamentos está a espionar para o Whitworth. Tomei providências para que o Rudy escutasse na extensão do telefone do escritório dela e a mantivesse sob vigilância.
  Bill pegou em quatro taças de champanhe do bar, a sua mente passeou pelo sorriso de Lauren, o seu lindo rosto. Esta ia ser a noite do casamento dos dois. E depois, ele, apenas ele, teria o direito de agarra-la nos braços, unir o corpo, faminto, com o dela, beijá-la e acariciá-la...
  — Estou a ouvir — mentiu. — Continue.
  — Ontem ela foi fotografada a passar a ele cópias de quatro das propostas da concorrência da K’s. Temos na nossa posse um conjunto das cópias que ela passou a Whitworth para usarmos no processo.
  — Aquele filho da... — Bill conteve o arrebatamento de fúria, tentando não deixar a animosidade por Gordon Whitworth estragar-lhe o bom humor. Era o dia do seu casamento. Friamente, disse: — Jim, eu vou fazer o que devia ter feito há cinco anos. Vou tirá-lo do mercado. De agora em diante, quero que a K’s entre em todas as concorrências que ele entrar e quero que você apresente uma quantia abaixo do custo. Ficou claro? Quero que aquele canalha pare de me importunar!
  Depois que Jim murmurou um assentimento, Mike continuou:
  — Podemos emitir um mandado de prisão para a rapariga. Já discuti a questão com o juiz Spath, e ele prontificou-se a fazer isso assim que der a ordem.
  — Quem é ela? — perguntou Jim, quando Bill pareceu mais interessado em servir champanhe nas taças.
  — É a amante de Whitworth! — irrompeu Rudy, entusiasmado, desprendendo na voz pomposa uma veia de presunção. — Investiguei pessoalmente. A dama mora como uma rainha num elegante condomínio em Bloomfield Hills que Whitworth arca com os custos. Também se veste como uma modelo e...
  O horror explodiu no peito de Bill e todo o seu corpo retesou-se contra a agonizante certeza que já lhe martelava o cérebro. Formulou na sua mente a pergunta, mas antes de conseguir forçar as palavras a saírem, teve de apoiar as mãos no balcão do bar. Com as costas ainda voltadas para eles, sussurrou:
  — Quem é ela?
  — Lauren Danner — respondeu o advogado, impedindo mais uma descritiva efusão do impulsivo rapaz da segurança. — Bill, sei que ela tem trabalhado para si pessoalmente e que é a jovem que praticamente caiu aos seus pés naquela noite. A publicidade envolvida na prisão dela irá sem sombra de dúvida desencorajar qualquer outra pessoa que pense em nos espionar, mas esperei para falar consigo antes de dar seguimento à acusação formal. Devo...?
  A voz de Bill saiu sufocada de fúria e dor:
  — Volte para o seu escritório — ordenou — e espere lá. — Sem se virar, lançou a cabeça na direção de Rudy. — Tire-o das minhas vistas e mantenha-o fora daqui... para sempre!
  — Bill... — Jim interpelou-o por trás.
  — Fora! — vociferou Bill, a voz açoitando como o estalo de uma chibatada, depois, assumindo perigoso controle: — Mary, ligue para Lauren e mande-a estar aqui em dez minutos. Depois vá para casa. São quase cinco horas.
  No silêncio sepulcral que se seguiu à partida de todos, Bill endireitou o corpo diante do bar e mandou fora o champanhe que servira para comemorar o seu casamento com um anjo. Uma princesa de risonhos olhos azuis que entrara na sua vida e virara-a de cabeça para baixo. Lauren espionava-o, traía-o com Whitworth. Era a amante de Whitworth.
  Do coração veio um grito de negação, mas a mente sabia que era verdade. Isso explicava a forma como a jovem vivia, as roupas que usava.
  Lembrou-se de que a apresentara a Whitworth na noite de sábado e, ao recordar a maneira como Lauren fingira não o conhecer, sentiu-se como se fosse rebentar em milhões de pedaços. Fúria e angústia precipitavam-se-lhe pelas veias como ácido. Queria apertá-la nos braços e fazê-la dizer que não era verdade; queria despejar nela todo o amor que tinha dentro de si até não haver mais espaço no coração e no corpo dela para ninguém além dele.
  Queria estrangulá-la pela traição, matá-la com as próprias mãos.
  Queria morrer.
Lauren olhou de relance para os três guardas da segurança em pé na área de receção privada de Bill, enquanto apertava o passo até a sala dele. Os homens observavam-na, desprendendo nas expressões uma estranha atenção e desconfiança. Ela deu um leve sorriso ao passar por eles, mas apenas um retribuiu o cumprimento... acenou com uma curta e inamistosa inclinação da cabeça.
  Na porta do escritório de Bill, parou para ajeitar os cabelos. A mão tremia com uma mistura de deleite por vê-lo e medo de como ele reagiria quando lhe falasse do envolvimento com Gordon. Pretendera só lhe contar à noite, depois que ele houvesse tido tempo para relaxar, mas agora que Gordon começara a chantageá-la, precisava lhe contar sem demora.
  — Bem-vindo de volta — disse ela, entrando no escritório. Em pé diante da janela, com uma das mãos apoiada na moldura e de costas para a porta, Bill contemplava a cidade do outro lado. As cortinas estavam fechadas sobre o restante da parede de vidro e nenhuma das luzes fora acesa para dissipar a obscuridade de uma prematura noite escura e chuvosa.
  — Fecha a porta — disse ele em voz baixa. A voz pareceu estranha, mas, como ele estava de costas, ela não pôde ver o rosto dele. — Sentiste saudades de minhas, Lauren? — perguntou, sem se virar.
  Ela sorriu da pergunta que ele sempre fazia quando passava algum tempo longe.
  — Senti — respondeu, deslizando com ousadia os braços pela cintura dele.
  O corpo de Bill pareceu retesar-se a esse toque e, quando ela esfregou o rosto contra aquelas costas largas e musculosas, sentiu-as duras como ferro.
  — Quanta saudade sentiste por mim? — sussurrou Bill com voz sedosa,
  — Vira-te, que eu mostro. — provocou ela.
  Ele baixou a mão da janela e virou-se. Sem olhá-la, encaminhou-se para o sofá e sentou-se.
  — Vem cá — convidou-a, a voz nivelada. Obediente, Lauren foi até o sofá, parou diante de Bill e baixou os olhos para o bonito rosto ensombrecido, tentando entender aquele humor estranho. Bill tinha a expressão impassível, quase arredia, mas quando ela ia sentar-se ao seu lado, ele agarrou-lhe o pulso e puxou-a para o seu colo.
  — Mostra-me o quanto me queres — instigou-a.
  Um estranho tom na voz dele fez um inexplicável frio percorrer a espinha de Lauren de cima a baixo, mas que foi logo reprimido pela dominante insistência da boca do amante na dela. Beijou-a de forma completa, hábil, e, sentindo-se impotente, Lauren rendeu-se às tórridas exigências daqueles lábios. Bill sentira falta dela. Os seus dedos ágeis já estavam a desabotoar-lhe a blusa de seda, retirando o sutiã para expor os seios quando a deitou no sofá e cobriu-lhe o corpo seminu com o dele. Excitou-lhe com a perícia da língua os seios e mamilos endurecidos, insinuou a mão sob a saia e baixou-lhe a cuequinha de renda.
  — Queres-me agora?
  — Quero — arquejou Lauren, contorcendo-se sob o corpo dele.
  Segurou-lhe os cabelos pelas raízes com a mão livre e apertou-a.
  — Então abre os olhos, querida — ele ordenou em voz baixa. — Quero ter a certeza de que sabes que sou eu em cima de ti, e não Whitworth.
  — Bill...!
  O grito frenético de Lauren foi sufocado quando Bill se levantou de um salto, torceu a mão nos cabelos dela e cruelmente ergueu-a consigo.
  — Por favor, ouve-me! — gritou Lauren, aterrorizada com a raiva sombria, o violento ódio em chamas nos olhos dele. — Eu posso explicar tudo, eu...
  Um grito baixo de dor rompeu da sua garganta quando Bill intensificou o aperto nos cabelos, girou-lhe a cabeça e baixou-a.
  — Explica isto — ele ordenou num sussurro apavorante. O olhar dela imobilizou-se de terror nos papéis espalhados na mesa de centro: cópias das quatro propostas de projetos que dera a Gordon, fotografias em preto e branco ampliadas mostravam-na curvada sobre a janela do carro de Gordon, a placa na traseira do Cadillac e o registro do estado de Michigan apontando Gordon Whitworth como o dono do veículo.
  — Por favor, eu amo-te! Eu...
  — Lauren — ele interrompeu-a com uma voz ameaçadoramente baixa. — Continuarás a amar-me daqui a cinco anos, quando tu e o teu amante saírem da prisão?
  — Ah, Bill, por favor, ouve-me — ela implorou, arrasada. — Gordon não é meu amante, é um parente. Enviou-me à K’s para que eu me candidatasse a uma vaga, mas juro que jamais contei algo a ele. — A raiva desfez-se do rosto de Bill, substituída por um terrível desprezo que a angustiou tanto que as palavras saíram num desconexo frenesim: —Até... até nos encontrarmos no baile, ele deixou-me em paz, mas agora está a tentar chantagear-me. Ameaçou dizer-te mentiras se eu não...
  — O teu parente — repetiu ele com gélido sarcasmo. — O teu parente está a tentar chantagear-te.
  — Sim! — Lauren tentava explicar de maneira febril. —Gordon estava certo de que pagavas a alguém para espioná-lo, por isso mandou-me para aqui para descobrir quem era e...
  — Whitworth é o único a pagar a um espião — ele escarneceu, em tom mordaz. — E a única espiã aqui és tu! — Soltou-a e tentou empurrá-la, mas ela agarrou-o.
  — Por favor, ouve — implorou Lauren. — Não faças isso connosco!
  Bill desprendeu-lhe com força os braços, e Lauren caiu no chão, os ombros fustigados por profundos soluços engasgados.
  — Eu amo-te tanto — chorou, beirando a histeria. — Por que não queres ouvir-me? Por quê? Estou a implorar que apenas ouças o que tenho a dizer.
  — Levanta-te! E abotoa a blusa — ordenou Bill com rispidez, a caminho da porta.
  Com o peito subindo e descendo com soluços convulsivos e silenciosos, ela endireitou as roupas, apoiou a mão na mesa de centro e tomou um lento impulso para levantar-se.
  Bill escancarou a porta e os guardas da segurança adiantaram-se.
  — Levem-na daqui — ele ordenou, com a voz gélida. Lauren arregalou os olhos em paralisado terror para os homens que vinham decididos na sua direção. Iam levá-la para a cadeia. Disparou o olhar para Bill, implorando em silêncio pela última vez, que a ouvisse, acreditasse nela, parasse aquilo.
  Com as mãos nos bolsos, ele retribuiu-lhe o olhar sem pestanejar, nas feições cinzeladas, uma máscara de pedra, os olhos como lascas de gelo cinza. Apenas o músculo contraído na mandíbula cerrada com força traía o fato de que sentia alguma emoção.
  Os três guardas cercaram-na armados, e um deles agarrou-a pelo cotovelo. Lauren soltou-se com um gesto brusco. — Não me toque!
  Sem olhar para trás, saiu com eles do escritório e atravessou a área de receção silenciosa, deserta.
  Quando a porta se fechou atrás dela, Bill retornou ao sofá. Sentou-se com os antebraços apoiados nos joelhos e encarou a foto em preto e branco ampliada de Lauren entregando a Whitworth as cópias roubadas das propostas.
  Era muito fotogênica, pensou com uma pontada de dor. Ventava muito, mas ela não se preocupara em vestir um casaco. A foto captara as delicadas feições de perfil com o vento açoitando-lhe os cabelos num glorioso abandono.
  Era uma foto de Lauren, traindo-o.
  Sentiu um músculo contrair-se em movimentos convulsivos na garganta quando engoliu a opressão ali. A fotografia devia ter sido feita a cores, concluiu. Simples preto e branco não captava a tez rósea, os realces dourados nos belos cabelos, nem a cintilação dos vividos olhos turquesa.
  Bill cobriu o rosto com as mãos.
  Os guardas escoltaram Lauren pelo saguão de mármore, ainda repleto de funcionários que saíam mais tarde. No meio de tantas pessoas, ela foi poupada da humilhação de espectadores curiosos. Todos os demais voltavam para casa, absortos nos seus próprios pensamentos. Não que Lauren se importasse em especial com quem testemunhasse aquela vergonha, no momento, nada lhe importava.
  Escurecera e chovia, mas ela mal sentia a saraivada gelada das gotas de chuva contra a fina blusa de seda. Desinteressada, olhou à procura de um carro de polícia à espera no passeio, mas não viu nenhum. O guarda à esquerda e o de trás recuaram. O da direita também se virou para partir, depois hesitou e perguntou:
  — Não tem casaco, senhora?
  Lauren encarou-o com os olhos entorpecidos de dor.
  — Tenho — respondeu, imbecilizada.
  Tinha um casaco, mas deixara a bolsa no escritório de Jim. O guarda olhou hesitante o passeio, como se esperasse que alguém fosse encostar e oferecer uma boleia a ela.
  — Eu irei buscar para a senhora — disse, e regressou ao prédio com os companheiros.
  Lauren ficou na calçada, a chuva deixando os seus cabelos escorridos e desferindo-lhe gotas que pareciam agulhas de injeção. Parecia que não iam levá-la para a prisão, afinal. Não sabia para onde ir, nem como voltar para casa sem dinheiro ou chaves. Numa espécie de transe, virou-se e saiu andando a esmo pela avenida Jefferson, e logo uma figura conhecida saiu apressada do prédio em sua direção. Por um instante, a esperança lampejou e acendeu-se com um doloroso brilho.
— Jim! — chamou, quando ele e Ericka iam passar por ela sem vê-la.
  Jim virou-se de repente, e Lauren sentiu um frio no estômago ao ver a fúria acusadora no único olhar áspero que ele deslizou sobre ela.
  — Não tenho nada a dizer-te — respondeu agressivo. Toda a esperança extinguiu-se no íntimo de Lauren, e com essa extinção veio um abençoado torpor. Girou nos calcanhares, enfiou as mãos geladas nos bolsos da saia de tweed e continuou a seguir pela rua. Seis passos depois, Jim agarrou-lhe o braço e virou-a.
  — Toma — disse, com a expressão tão hostil quanto antes. — Toma o meu casaco.
  Lauren soltou o braço.
  — Não me toque — disse com toda a calma. — Nunca mais quero ser tocada.
  O alarme lampejou no seu olhar antes dele extingui-lo.
  — Toma o meu casaco — repetiu curto e grosso, já começando a despi-lo. — Vais morrer congelada.
  Ela não via nada desagradável na perspetiva de morrer congelada. Ignorando a mão estendida de Jim, ergueu o olhar para ele.
  — Você acredita no que Bill acredita?
  — Em cada palavra — declarou.
  Com os cabelos colados na cabeça e a chuva golpeando-lhe o rosto virado para cima, Lauren disse com grande dignidade:
  — Nesse caso, não quero o seu casaco. — Ia virar-se e, então, parou. — Mas pode dar ao Bill um recado meu quando ele acabar por descobrir a verdade. — os seus dentes tiritavam quando disse: — Di-diga-lhe que jamais se torne a aproximar de mim. Diga-lhe para ficar longe de mim!
  Sem pensar aonde ia, percorreu automaticamente as oito quadras ao encontro das únicas pessoas que a receberiam sem puni-la. Foi ao restaurante de Tony.
Com os nós dos dedos congelados, bateu na entrada dos fundos. A porta abriu-se e Tony fitou-a, o smoking em destoante contraste com o barulho e o vapor da cozinha atrás.
  — Laurie? — ele disse. — Laurie! Dio mio! Dominic, Joe — gritou —, venham rápido!

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Eu sei :x
O Bill foi pessimamente mau com a Lauren...
Tipo, eu até chorei com este capitulo, e fico com um aperto no estomago cada vez que o releio... x_x
Enfim, se a Lauren nao o desculpar pelo que ele lhe fez quando ele descobrir a verdade, nao a culpem, porque ela tem toda a razao ...
WTV ><
Tou com vontade de dar porrada no Bill, again...
xD

Kiss kiss

PhiK* 

4 comentários:

  1. *eu sou uma insensível que nunca chora com as fics*

    Eu não curto a cena de nunca deixarem ninguém desculparem-se -.-'

    Que guardas tão bons que a deixam fugir ahahaha

    Mais :3

    beijos

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    1. Eu nao ;__;
      Mesmoooo e o Bill foi mesmo mau x_x ela a dizer que o ama e ele nem mesmo assim a deixou explicar... enfim...
      Eles nao a deixaram fujir, porque o Bill nao a mandou prender...

      Hoje nao, estou a escrever uma one shot que já ia em 6 paginas, mas o PC blokeou e ficou em 4 paginas, agora tenho de escrever de novo e continuar... ;_;

      Billyjinhos sis :*

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  2. Eu entendo o lado do Bill...mas...caramba podia tê-la deixado falar!
    Deixaste-me mais curiosa do que o que estava...por isso vê se postas mais!

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  3. É mesmo ><
    ahah, depois, amanha ou assim :P

    Gambonia <3

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