quinta-feira, 7 de julho de 2011

A Pianist Spy - Capitulo 22

Capitulo 22

  A conferência prosseguiu às dez horas em ponto na manhã seguinte. Como todos os presentes eram gigantes industriais, com tempo valiosíssimo, cada participante revelou-se pontual. O presidente do comité olhou os seis homens sentados em volta da mesa e avisou:
  — Bill Kaulitz não comparecerá hoje. Pediu-me que explicasse que foi chamado de volta a Detroit esta manhã para tratar de um assunto urgente.
  — Todos nós temos assuntos urgentes — grunhiu um dos membros. — Qual é o problema do Bill que o impede de estar presente aqui?
  — Disse que se tratava de um problema de relações trabalhistas.
  — Isso não serve como desculpa! — explodiu outro membro. — Todos temos problemas de relações trabalhistas.
  — Eu lembrei-o disso — respondeu o presidente.
  — E o que ele alegou?
  — Explicou que ninguém tem um problema de relações trabalhistas como o dele.

  Lauren saiu carregada de pertences até o carro e parou para olhar o nublado céu de Outubro. Ia chover ou nevar, concluiu com desânimo.
  Encaminhou-se de volta ao apartamento, deixando a porta um pouco entreaberta para poder abri-la com um chute ao trazer a carga seguinte de coisas. Tinha os pés molhados de chapinhar nas pequenas poças na calçada e curvou-se mecanicamente para tirar os ténis de lona. Planejava usá-los ao conduzir o carro na volta ao lar, por isso teria de secá-los logo. Levou-os até a cozinha, enfiou-os dentro do forno e ligou-o bem baixo, deixando a porta do forno aberta.
  No andar de cima, calçou outro par de sapatos e fechou a última mala. Restava-lhe agora apenas escrever um bilhete para o Gordon Whitworth, e depois poderia partir. Lágrimas ardiam-lhe os olhos e ela limpou-as com dedos impacientes. Pegando a mala, levou-a para baixo.
  Na metade do caminho da sala de estar, ouviu passadas que vinham da cozinha. Deu meia-volta, surpreendida, e logo ficou imóvel ao ver Bill sair com altivez. Notando o brilho agitado nos olhos dele ao encaminhar-se em sua direcção, a mente de Lauren gritou-lhe um aviso: ele soubera sobre Gordon Whitworth.
  Em pânico, largou a mala e apressou-se a recuar devagar. Na aflição, bateu com a parte de trás dos joelhos no braço do sofá, perdeu o equilíbrio e caiu estatelada de costas nas almofadas.
  Com um brilho de diversão nos olhos, o recém-chegado examinou a deleitável beldade convidativamente esparramada no sofá.
  — Sinto-me lisonjeado, doce, mas eu gostaria de algo para comer antes. Que vais servir, além de sapatos assados?
  Cautelosa, Lauren levantou-se sem jeito. Apesar do tom bem-humorado, via-se uma severidade férrea em seu maxilar de dentes cerrados, transmitindo muita tensão em cada músculo do corpo vigoroso. Cuidadosa, ela recuou mais um passo para fora do alcance dele.
  — Parada — ele ordenou em voz baixa. Lauren congelou de novo.
  — Por que... por que não estás na conferência de comércio internacional?
  — Na verdade — respondeu Bill com a fala arrastada —, eu fiz-me a mesma pergunta várias vezes esta manha. Fiz-me essa pergunta ao largar sete homens que exigem o meu voto em questões de vital importância. Fiz-me essa pergunta a caminho daqui, quando a mulher no assento ao meu lado no avião vomitou num saco.
  Lauren reprimiu um risinho nervoso. Via-o tenso, irritado, mas não furioso. Portanto, nada sabia sobre Gordon.
  — Fiz-me essa pergunta — ele continuou, avançando um passo — quando quase empurrei um senhor idoso para fora do táxi e o ocupei, porque temia chegar aqui tarde demais.
  Lauren tentou em desespero decifrar esse estado de espírito e não conseguiu.
  — Agora que chegas-te aqui — perguntou trémula —, o que vais querer?
  — Tu.
  — Eu disse...
  — Sei o que dizes-te — interrompeu-a, impaciente. — Sou velho e cínico demais para ti. Certo?
  Ela fez que sim com a cabeça.
  — Lauren, sou apenas dois meses mais velho do que era em Harbor Springs, embora me sinta muito mais velho do que então. A verdade, porém, é que tu não me consideravas velho demais antes, nem na verdade achas isso hoje. Pois bem, vou descarregar aquele carro e tu podes começar a desempacotar as tuas coisas.
  — Vou voltar para casa, Bill — ela respondeu com tranquila determinação.
  — Não, não vais não — ele declarou implacável. — Tu pertences-me a mim e, se me forçares a isso, eu te carregarei até lá a cima, até à cama, e te farei admitir isso lá.
  Ela sabia que Bill poderia fazer exactamente o que dissera. Recuou mais um passo.
  — Tu só irias provar que me podes dominar fisicamente. Nada que eu admitisse lá contaria. O que de fato importa é que não quero pertencer-te... de maneira alguma.
  Bill sorriu com um ar melancólico.
  — Eu quero pertencer a ti... de todas as maneiras. — Lauren sentiu o coração atirar-se contra as costelas. Que queria ele dizer com pertencer? Soube por instinto que não lhe oferecia casamento, mas ao menos oferecia a si mesmo. Que aconteceria se ela lhe contasse agora sobre Gordon Whitworth?
  Bill continuou a falar, a voz persuasiva tingida de desespero:
  — Pensa no cínico amoral, sem princípios, que sou... pensa em todas as melhorias que tu poderias fazer no meu carácter.
   A simultânea compulsão de rir e chorar rebentou o controle de Lauren. Os cabelos caíram-lhe para frente numa pesada franja quando curvou a cabeça e combateu as lágrimas. Ia fazer isso; ia deixar-se tornar aquele sórdido cliché... a secretária apaixonada pelo chefe, tendo um caso amoroso com ele. Ia arriscar o orgulho e o respeito próprio na chance de poder fazê-lo se apaixonar. Arriscar-se a fazê-lo detestá-la quando acabasse por lhe contar sobre Gordon Whitworth.
  — Lauren — disse Bill roucamente —, eu amo-te.
  Ela disparou a cabeça para cima. Sem poder acreditar nos próprios ouvidos, encarou-o com olhos marejados de lágrimas.
  Bill viu aquelas lágrimas e sentiu o coração afundar em ressentida derrota.
  — Não te atrevas a chorar — advertiu-a com rudeza —, eu jamais disse isso a uma mulher antes, e também...
  As palavras extinguiram-se quando ela de repente se lançou nos braços dele, os ombros trémulos. Hesitante, Bill ergueu-lhe a ponta do queixo e fitou-lhe o rosto. Lágrimas acumulavam-se nos seus cílios espessos e inundavam-lhe os olhos. Ela tentou falar e Bill retesou-se, preparando-se para a rejeição que temera o tempo todo desde Chicago.
  — Acho-te tão lindo — sussurrou Lauren com a voz entrecortada. — Acho-te o homem mais lindo...
  Um gemido baixo rasgou o peito dele, que abafou a boca da amada com a sua. Devorando-lhe os lábios com a insaciável fome que o vinha torturando havia semanas, esmagou o corpo flexível e enternecido dela nos contornos rígidos e famintos do seu. Beijava-a feroz, tempestuosa e ternamente, e mesmo assim não conseguia extrair o suficiente. Por fim, desprendeu a boca, refreando as enlouquecidas exigências do seu corpo, e manteve-a nos braços, apertada contra o coração que martelava.
  Como Bill não se mexeu por vários minutos, ela reclinou-se para trás nos braços que a seguravam e ergueu o rosto para o dele, que viu a pergunta naqueles olhos azuis e a desejosa aceitação da decisão que ele tomara. Ela se deitaria ao lado dele ali ou em qualquer outro lugar que ele escolhesse.
  — Não — murmurou Bill cheio de ternura. — Assim não. Não vou entrar aqui e fazer-te correr para a cama. Fiz algo semelhante a isso em Harbor Springs.
  A impudente beldade que tinha nos braços deu um daqueles sorrisos fascinantes.
  — Estás mesmo com fome? Eu poderia preparar umas meias douradas na manteiga para acompanhar os sapatos assados. Ou preferes alguma coisa mais convencional, como uma omeleta?
  Bill riu e roçou um beijo pela testa lisa dela.
  — Mandarei a minha governanta preparar algo para mim enquanto tomo um banho. Depois vou dormir um pouco. Não dormi nada ontem à noite — acrescentou expressivo.
  Lauren lançou-lhe um olhar de simulada compaixão, que lhe rendeu mais um beijo.
  — Sugiro que também durmas, pois quando voltarmos da festa esta noite, vamos para a cama, e eu pretendo manter-te acordada até de manhã. — Em quinze minutos, ele havia descarregado as mudanças do carro de Lauren. — Pego-te às nove horas — disse, quando se preparava para partir. — É uma festa ‘black-tie’; tens alguma roupa formal?
  Lauren detestava usar as roupas que haviam pertencido à amante de Gordon Whitworth, mas para esta noite não tinha outra opção.
  — Aonde vamos?
  — Ao baile beneficente do hospital infantil no Hotel Westin. Sou um dos patrocinadores e por isso recebo ingressos todo ano.
  — Não parece uma ocasião muito discreta — disse Lauren, apreensiva. — Alguém pode ver-nos juntos.
  — Todo o mundo vai ver-nos juntos. Trata-se de um dos eventos sociais do ano, motivo pelo qual quero levar-te. Que há de errado nisso?
  Se o baile beneficente era uma sofisticada solenidade social, seria improvável que algum dos outros empregados da Global comparecesse. Assim, não precisariam se preocupar em provocar rumores no escritório.
  — Nada de errado. Eu adoraria ir — ela disse, erguendo-se nas pontas dos pés para despedir-se dele com um beijo. — Eu iria a qualquer lugar contigo.

*continua no proximo capitulo*

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Phi'K

3 comentários:

  1. Está perfeito *o*
    Espero que o Bill não trame nada, desta vez!
    E tu, começa a responder aos comentários *hunf!*
    Beijinhos <3

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  2. AAAAHHHHH! *O*
    Meçam a temperatura ao Bill,minha gente :3
    Mais *-*

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  3. Phizinha mais linda do mundo!!!!!!!! Tanto tempinho!!!
    Epah tu não tens noção do quanto eu amo esta história! Aquela Lauren é um bocado masoquista não??


    Agora outro assuntinho... Desculpa chatear, mas eu já mandei o nosso pequeno projecto intitulado "Our Love" para ti há algum tempo, mas nunca mais recebi nada... :( Aconteceu alguma coisa?? Queres que escreva diferente?

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