Capitulo 21
Lauren apanhou um táxi de volta ao prédio. O choque cedera um pouco, deixando no lugar um frio entorpecimento. Entrou no saguão de mármore e foi até a mesa da recepção, onde pediu para usar o telefone.
— Mary? — disse, quando a outra atendeu. — Não estou me sentindo bem... vou para casa.
Envolta no roupão aquela noite, ela ficou sentada fitando a lareira vazia do apartamento. Fechou mais em volta dos ombros o xaile de lã que tricotara no ano anterior, tentando proteger-se do frio, mas este vinha de dentro. Estremecia da cabeça aos pés toda vez que pensava na última visita à casa dos Whitworth: Simone Whitworth presidindo com aquele ar sereno uma pequena reunião íntima onde três pessoas tramavam contra o seu próprio filho. O filho dela. O lindo e magnífico Bill Kaulitz. Santo Deus, como ela podia fazer-lhe isso?
Lauren tiritou de impotente fúria e agarrou o xale com dedos que desejavam arranhar e ferir o rosto régio daquela mulher... o rosto lindo, altivo, fútil e impassível.
Teve certeza de que, se havia algum tipo de espionagem, era por parte de Gordon, e não do Bill. Mas se fosse o Bill, se de fato ele pagava alguém para vazar informação sobre os lances das Empresas Whitworth, não o culpava. Se estivesse ao seu alcance, faria desabar todas as Empresas Whitworth para que a família caísse em desgraça.
Bill talvez a amasse; Mary acreditava que sim. Mas Lauren jamais saberia. Tão logo ele descobrisse que era parente dos Whitworth, mataria os sentimentos que tinha por ela, exactamente como aqueles que nutria pela mãe. Iria querer saber por que se candidatara a um emprego na K’s, e nunca acreditaria que fora uma coincidência, mesmo se ela mentisse a ele.
Ressentida, lançou um olhar de desprezo ao sedoso ninho de amor onde se achava abrigada. Vinha vivendo como a amante paparicada de Gordon Whitworth. Não mais, porém. Ia voltar para casa. Se fosse necessário, arranjaria dois empregos e daria aulas de piano, para compensar pela diferença de salário. Mas não podia continuar em Detroit. Enlouqueceria esperando por um vislumbre de Bill em todos os lugares a que fosse, e perguntando-se se ele continuava a pensar nela.
— Sente-se melhor? — perguntou Jim na manhã seguinte, e acrescentou num tom seco: — Mary disse que falava sobre Simone Whitworth, e isso a fez passar mal.
Lauren tinha o rosto pálido, mas composto, ao fechar a porta do escritório do chefe e entregar-lhe a folha de papel que acabara de tirar da máquina de escrever.
Ele desdobrou-a e examinou as quatro frases simples.
— Estás-te a demitir por motivos pessoais... que diabos quer dizer isto? Que motivos pessoais?
— Gordon Whitworth é um parente distante meu. Só soube ontem que Simone Whitworth é a mãe do Bill.
O choque o sobressaltou e o fez empertigar-se na cadeira. Encarou-a com furiosa confusão e depois perguntou:
— Por que me dizes isso?
— Porque me perguntas-te por que estava me demitindo. — Jim examinou-a em silêncio, a rigidez desfazendo-se aos poucos do rosto.
— Então é parente do segundo marido da mãe dele — acabou por dizer. — E daí?
Lauren não esperava uma discussão. Exausta, afundou numa cadeira.
— Jim, quando é que te vai ocorrer que, como parente de Gordon Whitworth, eu poderia estar a espionar para ele? — Ele a encarou com olhos intensos e penetrantes.
— E estás, Lauren?
— Não.
— Whitworth pediu que fizesses isso?
— Pediu.
— E você concordou? — ele perguntou ríspido. Lauren não julgava possível sentir-se tão infeliz.
— Pensei a respeito, mas quando vinha para a entrevista aqui, concluí que não poderia fazer isso. Jamais esperei ser contratada, e não teria sido... — De forma resumida, contou-lhe como conhecera Bill naquela noite. — E no dia seguinte tu entrevistaste-me e ofereceste-me um emprego. — Recostou-se e fechou os olhos. — Eu queria ficar perto dele. Sabia que trabalhava neste prédio, então aceitei a tua oferta. Mas nunca passei informação alguma ao Gordon.
— Não dá para acreditar nisso — declarou Jim, curto e grosso, esfregando os dedos na testa como se começasse a sentir uma insuportável dor de cabeça. Os momentos transcorreram em vagaroso silêncio. Desolada demais para notar ou importar-se, Lauren apenas ficou ali sentada, esperando que ele declarasse a sentença: — Não tem importância — disse afinal. — Não vais demitir-te. Não permitirei que faças isso.
Lauren olhou-o boquiaberta.
— Do que estás a falar? Não te incomoda o fato de que eu poderia dizer ao Gordon tudo o que sei?
— Tu não farás isso.
— Como podes ter a certeza? — ela desafiou-o.
— Bom senso. Se fosses nos espionar, não entrarias aqui para te demitir e me dizeres que és parente de Whitworth. Além disso, estás apaixonada pelo Bill, e acho que ele está apaixonado por ti.
— Não acredito que esteja — afirmou Lauren com tranquila dignidade. — E mesmo que isso seja verdade, tão logo descubra de quem sou parente, não vai querer nada comigo. Insistirá em saber por que me candidatei a um emprego na K’s, e jamais acreditará que foi coincidência, mesmo que eu quisesse mentir a ele, e não quero...
— Lauren, uma mulher pode confessar quase tudo a um homem se escolher o momento certo para tal. Espera que o Bill chegue, e então...
Quando ela se recusou com um firme balanço negativo da cabeça, Jim ameaçou:
— Se te demitires assim, sem aviso prévio, não te darei uma boa referência.
— Não espero que o faças.
Jim viu-a sair do escritório. Por vários minutos, ficou imóvel, unindo as sobrancelhas numa expressão pensativa. Depois estendeu devagar a mão e pegou no telefone.
— Senhor Kaulitz. — A secretária curvou-se ao lado de Bill, baixando a voz para evitar perturbar os sete outros importantes industriais americanos sentados ao redor da mesa de conferências que discutiam um acordo de comércio internacional. — Lamento incomodá-lo, mas um tal de James Williams está ao telefone, quer falar com o senhor.
Bill assentiu com a cabeça, já deslizando a cadeira para trás, sem trair no rosto nada da ansiedade que lhe causava essa inconveniente interrupção de emergência. Não imaginava que desastre poderia ter ocorrido para justificar que Mary fizesse com que Jim lhe telefonasse ali. A secretária conduziu-o a uma sala privada, e Bill pegou o telefone.
— Jim, que foi que aconteceu?
— Nada, eu apenas precisava de alguma orientação.
— Orientação? — repetiu Bill, em furiosa descrença. — Estou no meio de uma reunião de comércio internacional e...
— Eu sei, por isso serei breve. O novo gerente de vendas que contratei pode vir trabalhar para nós daqui a três semanas, em 15 de Novembro.
Bill praguejou de irritação.
— E daí? — vociferou.
— Bem, o motivo de eu ligar é porque queria saber se teria algum problema se ele se apresentar ao trabalho logo em Novembro ou se preferirias que ele esperasse e só começasse em Janeiro, como havíamos combinado. Eu...
— Eu não acredito! — interrompeu Bill, furioso. — Não dou a mínima para quando ele começa, e sabes disso. Quinze de Novembro, perfeito. Que mais?
— É só isso — respondeu Jim, imperturbável. — Como está Chicago?
— Ventando muito! — rosnou Bill. — Então, ajuda-me, se me tiras-te dessa reunião só para me perguntar essa...
— Tudo bem, foi mau. Ah, por falar nisso, Lauren demitiu-se esta manhã — informou-o.
O anúncio atingiu-o como uma chapada na cara.
— Falarei com ela na segunda-feira, quando eu voltar.
— Não vais conseguir... a demissão vai ser efectivada imediatamente. Acho que ela planeja partir para o Missouri amanhã mesmo. Tu deves estar a perder a lábia, Bill. — Rangeu os dentes com sarcasmo. — Em geral, elas se apaixonam por ti, e és tu que tens de transferi-las para outra divisão, a fim de que te deixem em paz. Lauren poupou-te o trabalho.
— Ela não está apaixonada por mim. Isso é problema teu, não meu.
— Claro que é! Quis levá-la para a cama e, quando ela não concordou, o otário aí obrigou-a a trabalhar até que ficasse exausta. Lauren está apaixonada por ti, e tu fixes-te com que anotasse recados de outras mulheres, mandas-te...
— Lauren não me dá a mínima! — Bill rebateu furioso. — E não tenho tempo para discutir sobre ela contigo. — Deixou o telefone e encaminhou-se com um andar arrogante de volta à sala de conferências. Sete homens olharam-no com uma mistura de educada preocupação e indolente acusação. Por acordo mútuo, nenhum deles ia atender a telefonemas, a não ser de extrema urgência. Bill sentou-se na cadeira e disse num tom ríspido e breve: — Peço desculpas pela interrupção. A minha secretária super estimou a importância de um problema e transferiu a ligação.
Embora tentasse concentrar-se no negócio imediato e em mais nada, visões de Lauren não paravam de atravessar a sua mente. No meio de uma acalorada discussão sobre direitos de marketing, visualizou-a rindo, o rosto erguido para o sol, os cabelos esvoaçando ao redor dos ombros, quando velejavam no lago Michigan.
Lembrou-se de quando lhe examinava as encantadoras feições.
“Que me acontece se esta sandália se encaixar?”
“Eu transformo-te num belo sapo.”
Em vez disso, ela o transformara num louco furioso! O ciúme vinha deixando-o ensandecido havia duas semanas.
Todas as vezes que o telefone dela tocava, ele perguntava-se qual dos amantes telefonava. Toda a vez que um homem a olhava no escritório, sentia uma violenta compulsão de fazê-lo engolir os dentes.
No dia seguinte, Lauren já teria ido embora. Na segunda-feira, ele não a veria mais. Isso era melhor para ambos. Melhor para toda a maldita empresa; seus próprios executivos andavam esquivando-se quando o viam aproximar-se!
A reunião durou até às sete da noite e, ao término do jantar, Bill desculpou-se, pediu licença para retirar-se e subiu para a suite. Ao atravessar o corredor do elegante hotel em direcção aos elevadores, passou pela vitrina de uma joalharia exclusiva. Um magnífico pingente de rubi, circundado por cintilantes diamantes, atraiu-lhe o olhar e o fez parar. Olhou para os brincos combinados. Talvez se comprasse o pingente para a Lauren... De repente, sentiu-se mais uma vez como um menino, em pé ao lado de Mary, a comprar uma caixinha esmaltada.
Virou-se e continuou a atravessar o corredor com arrogância. Enfurecido, lembrou a si mesmo que o suborno era a forma mais humilhante de implorar. Não ia implorar a ela que mudasse de ideia. Não ia implorar nada a ninguém.
Passou uma hora na suite, retornou telefonemas e tratou de questões profissionais que haviam surgido em sua ausência. Quando desligou, eram quase onze horas. Foi até a janela e contemplou a cintilante silhueta dos edifícios contra o céu de Chicago.
Lauren ia partir. Jim dissera que ela estava pálida e exausta. E se tivesse adoecido? E se tivesse engravidado? Diabos, e se estivesse grávida? Ele não poderia nem ter a certeza de que o filho era seu ou de outro homem.
Uma vez poderia ter sido. Uma vez fora o único homem que ela conhecera. Agora era provável que ela pudesse ensinar coisas a ele, pensou, com amargura.
Lembrou-se da tarde de domingo que fora ao apartamento dela dar-lhe os brincos. Quando quisera levá-la para a cama, viera a explosão. A maioria das mulheres teria ficado satisfeita com o que ele oferecia, mas não ela, pois queria que a amasse, assumisse um envolvimento emocional, além de apenas sexual. Queria algum tipo de compromisso da parte dele.
Bill esticou-se na cama. Era melhor mesmo que Lauren partisse, decidiu enfurecido. Que voltasse logo para casa e encontrasse algum imbecil provinciano que se arrastasse aos seus pés, dissesse que a amava e assumisse qualquer compromisso que quisesse!
*Continua no proximo capitulo*
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Hallooooo :D
Xiii, há quanto tempo o.o
Sorry pela demora :$ andei a adiar adiar e depis pimbas ! puff, fez-se o chocapik xD
A sorte é que já tive a adiantar 3 capitulos (a)
Assim que tiver 2 comentes no minimo ja posto outro *---*
Como vao as vossas ferias? (já que eu ainda nao tenho --')
xD
Espero que tenham tido boas notas *cof cof* e já tenham ido à praia (eu ainda nao fuiiii buahahah :c)
Kiss <33'
Phi'K
Idiota, Bill, Idiota -.-'
ResponderEliminarHavias de apanhar uma bela de uma porrada, meu menino! -.-
Oh Phi já andava a ficar preocupada! x) Não davas notícias :o
Vá, quando der vê se consegues avisar-me para falarmos um bocadinho :)
Jinhos :*
Lovo-te <3
Bahh, não faz mal, nós esperamos!
ResponderEliminarAs minhas férias até estão a ser muito boas ^-^
E o teu trabalho e a escola?
Tu reza para que eu tire boas notas se é que me queres ver aí xD
Beijinhos <3