quinta-feira, 2 de junho de 2011

A Pianist Spy - Capitulo 17

Capitulo 17

  Ela mal largara a xícara na mesa, quando Bill ligou para o interfone e pediu-lhe que fosse ao seu escritório e anotasse uma carta para Rossi, o inventor italiano.
  — E trás o teu café — convidou.
  No meio do ditado rápido como a luz, ele disse baixinho, sem fazer sequer uma pausa:
  — Quando o sol se reflecte nos teus cabelos, eles brilham como fios de ouro — e lançou-se de volta à carta.
  Lauren, que sem querer anotara metade do elogio em estenografia, disparou-lhe um olhar homicida e o fez gracejar.
  À uma da tarde, Bill pediu-lhe que participasse numa reunião no escritório principal e tomasse notas. No meio do encontro, ela ergueu os olhos e viu-o lançar-lhe um olhar de pálpebras pesadas às suas pernas cruzadas. Sentiu todo o corpo aquecer-se e descruzou-as. Encarando-a, olhos nos olhos, Bill sorriu com o ar de quem sabe das coisas.
  Quando a reunião chegou ao fim, Lauren levantou-se para sair, mas ele a deteve.
  — Já terminas-te de dactilografar a tradução para o italiano daquela lista de perguntas que ditei, para que Rossi entenda o que quero saber? — Dando-lhe uma encantadora piscadela de desculpas, acrescentou: — Detesto apressar-te, doce, mas preciso levar a papelada comigo para Casano.
  Por que, perguntou-se ressentida, sentira o coração, idiota, revirar-se quando ele a chamou de doce?
  — Está pronta — respondeu.
  — Óptimo. E tu entendes-te, a partir do trabalho que andas-te a fazer, o que significa o projecto Rossi?
  Ela fez que não com a cabeça.
  — Não, na verdade, não. Tudo é técnico demais. Sei que o Rossi é um químico que mora em Casano e inventou algo em que tu estás interessado. Também sei que pensas na possibilidade de financiar a pesquisa dele, além de industrializar o produto no futuro.
  — Eu devia ter te explicado antes. Tornaria o teu trabalho aqui mais interessante — disse ele, mudando de repente de sedutor a chefe atencioso. — Rossi criou um produto químico que parece tornar certos materiais sintéticos, entre eles o nylon, totalmente à prova de água, fogo, intempéries e sujidade, sem mudar a aparência nem a textura da substância original. Os tapetes e as roupas feitas com estes materiais sintéticos seriam quase impossíveis de se desgastarem ou de se desfazerem.
  Tratava-a como uma parceira profissional, e pela primeira vez desde o fim-de-semana que passaram juntos Lauren relaxou na companhia dele.
  — Mas essa substância química funciona mesmo, sem modificar nem danificar nada?
  — Quem me dera saber — admitiu Bill, irónico. — Mas pretendo descobrir nesta viagem. Até agora, só vi demonstrações. Preciso de uma amostra para trazer de volta comigo e mandar analisar num laboratório de minha confiança, mas Rossi é paranóico em relação a sigilo. Ele diz que me está a testar.
  Lauren franziu o nariz.
  — Parece doido.
  — É excêntrico para burro — suspirou ele. — Mora num pequeno chalé em Casano, numa minúscula aldeia pesqueira italiana. Tem vários cães para protegê-lo, mas o laboratório fica num abrigo a menos de um quilómetro de lá, sem protecção alguma.
  — Pelo menos tu viste demonstrações.
  — Demonstrações não significam muito sem testes completos. Por exemplo, esse produto químico pode tornar alguma coisa à prova de água... mas o que acontecerá se derramamos leite? Ou refrigerante?
  — E se esse produto for tudo o que ele diz que é? — perguntou ela.
  — Nesse caso, formarei um consórcio, uma aliança entre a Global Industries e duas outras empresas colaboradoras, e apresentaremos ao mundo a descoberta desse maluco.
  — Na certa o inventor teme que, se te der uma amostra para testar, alguém no laboratório a analisará e ficará a saber quais as substâncias químicas usadas. Depois poderia roubar a descoberta.
  — Tens razão — respondeu Bill com um sorriso. De repente, passou o braço em volta dela e ergueu-lhe o queixo com a mão livre. — Trarei um presente da Itália para ti. O que gostarias de ganhar?
  — Os brincos da minha mãe. — respondeu Lauren, sem rodeios.
  Com um brusco movimento para trás, libertou-se dos braços dele, girou nos calcanhares e dirigiu-se ao escritório de Mary. A risadinha gutural de Bill acompanhou-a.
  Ao vê-la afastar-se, ele sentiu uma emoção estranha, desconhecida, brotar do seu íntimo, uma ternura que o fez sentir-se vulnerável. A visão dela agradava-lhe, o sorriso, aquecia-o, e tocá-la desencadeava uma explosão de desejo por todo o organismo. Lauren tinha equilíbrio e uma sofisticação simples, natural. Em comparação com outras mulheres da sua vida, Lauren era ingénua e delicada... e, no entanto, teve a coragem de desafiá-lo abertamente e força para resistir à pressão que ele vinha exercendo sobre ela.
  O sorriso desfez-se na boca de Bill. Pressionava-a e jamais fizera isso com outra mulher em toda a vida. Perseguia-a, encurralava-a nos cantos e sentia-se indignado consigo mesmo por isso. No entanto, não podia deter-se... Sentia mais por ela que apenas desejo; gostava dela. Admirava aquela coragem e obstinação, e até o seu idealismo,
  Essa emoção não identificável, indesejável, agitou-lhe mais uma vez o íntimo e ele afastou-a da sua mente. Queria-a porque era um belo enigma. Gostava dela e desejava-a. Nada mais.
  Às 4h55, uma teleconferência que ele programara fora iniciada da Califórnia, de Oklahoma e do Texas. Quando Mary o avisou que estava tudo pronto, Bill pediu-lhe que enviasse Lauren ao escritório para tomar notas.
  - Ele vai colocar-te no telefone, no viva-voz — explicou Mary. — Só precisa que anotes os números que serão discutidos.
  A teleconferência já avançava quando Lauren entrou no escritório. Bill indicou-lhe a cadeira dele e levantou-se para que ela se sentasse e tomasse notas. Dois minutos depois de sentar-se, ele curvou-se sobre ela por trás, apoiou uma mão de cada lado dela no tampo da mesa e roçou-lhe os cabelos com os lábios.
  O autocontrolo de Lauren rompeu-se:
  — Bolas! Para com isso! — explodiu.
  — Que foi? — Que foi? — Que foi? — perguntaram três vozes masculinas em uníssono.
  Bill curvou-se para o viva-voz e falou arrastado:
  — A minha secretária acha que vocês estão a falar rápido demais e gostaria que fossem mais devagar.
  — Ora, era só pedir, não precisava disso tudo — respondeu um homem ofendido.
  — Espero que tenhas ficado satisfeito! — sussurrou Lauren furiosa.
  — Não estou — Bill riu no ouvido dela. — Mas vou ficar.
  Com toda a intenção de deixá-lo para que ele próprio fizesse as anotações, a jovem fechou com força o caderno e tentou empurrar a cadeira para trás. O corpo de Bill bloqueou a cadeira. Ela girou a cabeça para dizer algo mordaz, e o outro lhe capturou os lábios num beijo que lhe forçou a cabeça contra o encosto da cadeira, triplicou a sua pulsação e impediu-a de pensar. Quando ele desprendeu a boca, deixara-a abalada demais para fazer qualquer coisa além de encará-lo.
  — O que acha, Bill? — perguntou alguém pelo viva-voz.
  — Acho que está a ficar cada vez melhor — respondeu ele, com voz rouca.
  Quando terminou a teleconferência, apertou um botão na mesa, e Lauren viu a porta que dava para o escritório de Mary fechar-se electronicamente. Ele agarrou-lhe os braços e arrastou-a da cadeira, virando-a para si. Aproximou a boca da dela, e, impotente, Lauren sentiu-se atraída por aquele fascinante encanto.
  — Não faças isso! — implorou. — Por favor, não faças isso comigo.
  Bill apertou as mãos nos braços dela.
  — Por que não podes apenas admitir que me queres e aproveitas as consequências?
  — Tudo bem — disse ela, com um ar infeliz. — Venceste. Eu quero-te... admito. — Viu o brilho fugidio de triunfo nos olhos dele e ergueu o queixo. — Quando eu tinha oito anos, também quis uma macaquinha que vi numa petshop.
  O triunfo esvaiu-se.
  — E? — Suspirou Bill, irritado, soltando-a.
  — E lamentavelmente tive o meu pedido atendido — respondeu ela. — Daisy mordeu-me e eu tive de levar doze pontos na perna.
  Bill parecia oscilar entre a risada e a raiva.
  — Imagino que ela te tenha mordido por lhe dares o nome de Daisy.
  Lauren ignorou a gozação.
  — E aos treze anos, queria irmãos e irmãs. O meu pai satisfez-me casando de novo, e ganhei uma meia-irmã que me roubava as roupas e um meio-irmão que me roubava a mesada.
  — Que diabos isso tem a ver connosco?
  — Tudo! — Ela ergueu as mãos num gesto de súplica, e depois as deixou cair, sentindo-se derrotada. — Estou a tentar explicar que eu te quero, mas não vou permitir que me magoes de novo.
  — Não vou magoar-te.
  — Ah, vais sim — disse ela, reprimindo com ferocidade as lágrimas. — Não terás intenção, mas vai acabar por magoar-me. Já me magoaste. Quando te deixei para ir ao norte, tu partiste para Palm Springs com uma das tuas parceiras de cama. Sabes o que fiquei a fazer, enquanto estavas lá?
  Bill enfiou as mãos nos bolsos, com expressão cautelosa.
  — Não. Que foi?
  — Eu — ela respondeu numa risada histérica engasgada — fiquei sentada ao lado do telefone, esperando que tu me ligasses e a tricotar um suéter cor de mel que combinaria com os teus olhos. — Encarou-o, implorando com os olhos que ele entendesse. — Se tivermos um caso, não te vais envolver emocionalmente, mas eu vou. Não consigo separar as emoções do corpo, pular para a cama, passar momentos maravilhosos e depois esquecer tudo. Eu iria querer que gostasses de mim, como eu de ti. Sentiria ciúmes se te imaginasse com outra mulher. E se soubesse que tu estavas, ficaria magoada e furiosa.
  Se Bill a tivesse ridicularizado ou tentado persuadi-la, Lauren cairia em prantos. Mas ele não fez nenhuma das duas coisas, e ela ganhou forças. Conseguiu até esboçar um sorriso triste.
  — Se tivéssemos um caso, quando terminasse, ias querer que fôssemos amigos, não ias? Esperaria que fôssemos.
  — Claro.
  — Então, como o nosso “caso” terminou, podemos ser amigos agora? — A voz saiu trémula quando ela acrescentou: — Eu... eu gostaria realmente de pensar em ti como meu amigo.
  Bill assentiu com a cabeça, mas não falou nada. Ficou ali apenas observando-a, com seus enigmáticos olhos mel.
  Mais tarde, Lauren dirigiu-se ao carro, felicitando-se pela maturidade com que tratara a situação. Fora honesta e directa; resistira à tentação e defendera os seus princípios. Agira “bem” e era uma pessoa mais forte e melhor por isso.
  Cruzou os braços sobre o volante e desatou a chorar.

*Continua no proximo capitulo*

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Gambonia, queres ajuda pa espancar o Bill? ª--ª
x)
Lovo-vos *--*
<33'

Phi'K

2 comentários:

  1. Quero -.-
    Mas antes quero que postes, porque deixar-me nesta ansiedade não vale xDD

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  2. Lindo *o*
    Eles ainda vão casar xP
    Beijos da Luísa

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