Capitulo 16
Á uma hora da tarde seguinte, Lauren subiu ao octogésimo andar e foi informada por Mary de que o senhor Kaulitz queria vê-la imediatamente. Combatendo com a tensão, ajeitou os cabelos, presos num frouxo nó na nuca, e entrou no escritório.
— Queria ver-me? — perguntou, educada.
Bill largou no tampo da escrivaninha os documentos que lia, recostou-se na cadeira e examinou-a com ar indolente.
— Tu usavas os cabelos assim no alto no dia em que partimos para Harbor Springs — disse, a voz profunda, numa altura baixa e sedutora. — Eu gosto.
— Nesse caso — Lauren rebateu rindo —, começarei a usá-los soltos.
Bill riu.
— Então é assim que vamos jogar, é?
— Jogar o quê?
— Esse jogo que começamos ontem.
— Não estou a participar no seu jogo — ela respondeu com tranquila firmeza. — Não quero o prémio.
Mas queria. Queria-o para sempre, só seu. E desprezava-se por essa fraqueza idiota.
Bill observou a conturbada expressão de Lauren com um sentimento de satisfação, e apontou com a cabeça a cadeira em frente à escrivaninha.
— Senta-te. Eu ia começar a rever um arquivo que me enviaram.
Aliviada por vê-lo pronto para iniciar o trabalho, Lauren sentou-se, mas ficou sem ar quando pegou a pasta e a abriu. As palavras Arquivo Pessoal — Confidencial estavam impressas na parte da frente, e em baixo havia uma etiqueta que dizia: Lauren E. Danner/Funcionária nº 98753.
Um rubor tingiu-lhe as delicadas maçãs do rosto ao lembrar-se de haver errado de propósito nos testes e indicar presidente como a primeira preferência de um emprego. Bill veria isso e...
— Hummm — comentou ele —, Lauren Elizabeth Danner. Elizabeth é um bonito nome, e Lauren também. Combinam contigo.
Incapaz de suportar o tormento de vê-lo seduzir, ela disse, reprimindo-o:
— Deram-me o nome de duas tias solteironas. Uma delas tinha estrabismo e a outra, verrugas.
Bill ignorou-a e continuou em voz alta:
— Cor dos olhos, azul. — Encarou-a por cima da pasta, com olhos íntimos e provocadores. — Sem a menor dúvida, são azuis. Um homem gostaria de se perder nesses teus olhos... são deslumbrantes.
— O direito oscilava, a não ser que eu usasse óculos. — informou-o rindo. — Tiveram de operá-lo.
— Uma menina de olhos oscilantes e óculos no nariz — ele reflectiu com um vagaroso sorriso. — Aposto que era bonitinha.
— Eu era estudiosa, não bonitinha.
Os lábios dele franziram-se como se soubesse muito bem o que ela tentava fazer. Virou a ficha, e Lauren viu-o examinando-a, o olhar abordando ao pé da página, onde a candidata listara as preferências de emprego. Percebeu o instante exacto em que localizou a afronta.
— Que colocação...! — exclamou, estupefacto, e desatou a rir. — Weatherby e eu vamos ter de ter cuidado. Qual dos empregos tu queres mais?
— Nenhum — respondeu ela, sucinta. — Fiz isso porque, a caminho da entrevista na K’s, decidi que não queria trabalhar ali, afinal.
— Então erras-te os testes de propósito, é isso?
— Isso mesmo.
— Lauren... — ele começou com uma voz sedutora que no mesmo instante a levou a pôr-se em guarda.
— Eu tive o dúbio prazer de ler todo o teu arquivo — cortou-o Lauren friamente. — O arquivo do departamento de Relações Públicas — esclareceu, diante do olhar surpreso dele. — Sei tudo sobre Bebe Leonardos e a estrela do cinema francês. Cheguei até a ver a sua foto com Ericka Moran no dia a seguir em que me mandou embora porque um “importante parceiro de negócios” chegaria para encontrar-se consigo.
— E — ele concluiu sem se alterar — ficas-te magoada.
— Fiquei repugnada — disparou de volta, recusando-se a admitir toda a angústia que sentira. Recuperou o equilíbrio e disse com muito pouco da calma anterior: — Agora podemos passar ao trabalho?
Um momento depois, Bill foi chamado para uma reunião que durou o resto da tarde, assim Lauren foi deixada em paz. Para ver-se perturbada pelos frequentes olhares recriminadores de Mary Callahan.
Às dez horas da manhã seguinte, Jim, com a aparência stressada, surgiu junto à secretária de Lauren.
— Bill acabou de ligar. Quer que subas agora mesmo, e vai precisar que fiques lá durante o resto do dia. — Com um suspiro, gesticulou em direcção ao relatório que ela vinha preparando-lhe. — Vai em frente. Eu termino isso.
Mary estava fora quando Lauren chegou, mas ela encontrou o Bill sentado à secretária, já despido do casaco e da gravata, a cabeça baixa, concentrado nas notas que escrevia. Tinha as mangas da camisa enroladas acima dos antebraços e o colarinho desabotoado. Ela desviou o olhar para o pescoço. Não muito tempo atrás, lembrou, colara os lábios naquela concavidade onde o pulso batia...
Olhou para os escuros cabelos num corte magnífico e os ângulos da mandíbula e da face que pareciam talhados a cinzel. Ele era o homem mais bonito, mais irresistível que já vira, pensou com uma pontada de desejo. Mas, quando falou, a voz saiu com calmo desinteresse:
— Jim disse que precisava de mim aqui em cima agora mesmo. Que quer que eu faça para si?
— Ora, mas esta é uma boa pergunta! — ele provocou. Enfática, ela ignorou a indirecta sexual.
— Entendo que tem uma tarefa urgente para mim.
— Tenho. E trata-me por tu.
— Qual é?
— Quero que vás ao café e que me tragas alguma coisa para eu comer.
— Essa... — engasgou-se Lauren. — Essa é tua ideia de urgente?
— Muito urgente — respondeu Bill, imperturbável. — Por acaso, estou faminto.
Lauren fechou as mãos em punhos.
— Para ti, talvez eu seja apenas um objecto sexual divertido e frívolo, mas lá em baixo tenho um trabalho importante a fazer, e o Jim precisa de mim.
— Eu preciso de ti, doce. Sabes que desde que cheguei...
— Não ouses chamar-me de doce! — ela explodiu, vacilando com indesejável alegria diante daquela ternura casual.
— Por que não? — Bajulou-a, e um sorriso iluminou-lhe o rosto. — Tu és doce.
— Vais mudar de ideias se me tornares a chamar de doce — prometeu ela.
Bill uniu as sobrancelhas ao ouvir aquele tom, e obrigou-a a lembrar-se de que ele continuava a ser o seu patrão.
— Ah, tudo bem! — Rendeu-se, mal-humorada. — Que queres de café da manhã?
— Secretárias irritantes. — Gracejou ele.
Ela voltou com um andar arrogante para o seu escritório temporário e descobriu que Mary retornara.
— Não vais precisar de dinheiro, Lauren — disse a mulher. — Temos uma conta aberta no café.
Duas coisas impressionaram-na de imediato: a primeira foi que Mary a chamara apenas de Lauren, em vez do tratamento frio habitual de senhora Danner. E a segunda foi que ela sorria... e que sorriso tinha Mary Callahan! Parecia irradiar-se do seu interior iluminando o rosto e suavizando as austeras feições de uma maneira que a fazia parecer totalmente adorável.
Lauren viu-se retribuindo aquele contagioso sorriso.
— Que é que ele come no café da manhã? — Suspirou. Os olhos de Mary brilharam.
— Secretárias irritantes.
Como para expiar a falta de enviá-la numa tarefa tão insignificante, Bill agradeceu-lhe pelos pãezinhos doces que ela trouxe e, todo galanteador, insistiu em servir-lhe uma xícara de café.
— Eu mesma me sirvo, mas obrigada de qualquer modo. — recusou Lauren com firmeza.
Para seu sublime mal-estar, ele encaminhou-se sem pressa até o bar, e como quem não quer nada, debruçou-se sobre o balcão, observando-a adicionar creme e açúcar ao café.
Quando ela estendeu a mão para pegar a chávena, ele pôs a mão no braço dela.
— Lauren — disse tranquilo —, desculpa por ter-te magoado. Acredita, jamais tive o intuito de fazer isso.
— Não há a menor necessidade de continuar a desculpares-te — respondeu, afastando com todo o cuidado o braço. — Basta esquecer que tudo isso aconteceu.
Pegou a chávena e saiu a caminho da própria mesa.
— Por falar nisso — disse ele despreocupadamente —, parto para Itália esta noite. Mas a partir de segunda-feira precisarei de ti aqui em cima nas manhãs também.
— Por quanto tempo? — perguntou Lauren, apavorada.
Ele riu.
— Pelo tempo que for necessário para eu vencer esse teu jogo.
Com essas palavras, o desafio foi lançado, e a batalha de vontades que se seguiu logo a esgotou por completo.
*Continua no proximo capitulo*
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Desculpem pelo atraso :c
Andei com preguissite aguda xD
Well, tudo bem? ^^
Cmg tá tudo :P
Kiss <33'
Phi'K
Nós esperamos o tempo que for preciso para ter um cap. como este *o*
ResponderEliminarLet them play :9
Beijinhos da mana
Eu vou espancá-lo, tu segura-me que eu espanco-o! -.-
ResponderEliminarOh Phi comigo tá tudo bem :) Tenho saudades tuas :3