domingo, 22 de maio de 2011

A Pianist Spy - Capitulo 14

Capitulo 14
  Ela ainda cambaleava pelo golpe dessa única palavra quando ele estendeu de novo o braço para abrir a porta.
  — Aonde vamos?
  — Para a minha casa, ou para a tua, não faz diferença.
  — Por quê? — ela perguntou, obstinada. Bill virou-se e olhou-a.
  — Para uma rapariga inteligente, trata-se de uma pergunta muito estúpida.
  A irritação de Lauren explodiu:
  —És a pessoa mais arrogante, egoísta...! — Interrompeu-se apenas o suficiente para inspirar fundo e estabilizar-se, e disse com a voz firme: — Não consigo lidar com sexo casual, indiscriminado; e mais, não gosto de pessoas que conseguem... pessoas como tu!
  — Gostas-te muito de mim à um mês atrás — lembrou ele friamente.
  A pele rosada e os olhos dela arderam em chamas.
  — À um mês atrás eu achava que tu eras alguém especial! — Retrucou furiosa. — À um mês atrás eu não sabia que eras um playboy milionário lascivo, que muda de cama com a mesma frequência que muda de roupa. Tu és tudo o que desprezo num homem... sem princípios, promíscuo e de moral corrupta! Ordinário, egoísta e, se eu soubesse quem de fato tu eras, não te teria dado a mínima atenção!
  Bill sondou a tempestuosa e jovem beldade diante de si em toda essa desdenhosa opinião. Numa voz perigosamente baixa, desafiou-a:
  — Mas, agora que sabes quem e o que sou, não queres nada comigo? É isso?
  — Isso mesmo! — Sibilou Lauren. — E vou...
  Num movimento ágil, ele agarrou-lhe os ombros, puxou-a para os seus braços e capturou-lhe os lábios num beijo de insolente sensualidade. Assim que a tocou, cada fibra do seu ser despertou intensamente de desejo por sentir novamente o incrível prazer do corpo rígido dele mergulhando no fundo do seu. Os braços enlaçaram o seu pescoço e Lauren arqueou-se contra o membro que endurecia. Bill grunhiu, suavizando e aprofundando o beijo, faminto.
  — Mas que loucura — resmungou ele, atormentando-lhe a boca com a sua e as promessas daquela posse. — Qualquer um pode entrar aqui e ver-nos. — E então descolou os lábios. Soltou-a, e, fraca, Lauren apoiou-se no parapeito atrás de si. — Vens? — ele perguntou.
  Ela fez que não com a cabeça.
  — Não, eu já disse...
  — Poupa-me o sermão sobre a minha moralidade — Bill cortou-a, com frieza. — Vai procurar um rapaz tão ingénuo quanto tu, para os dois se atrapalharem no escuro e aprenderem juntos, se é o que desejas.
  Como um profundo e limpo corte que não sangra durante vários momentos depois de infligido o ferimento, Lauren sentiu uma abençoada anestesia para a dor daquelas palavras; nutria apenas fúria.
  — Espera — disse, ao abrir a porta —, a tua amante, namorada, seja o que Ericka for, está com os brincos da minha mãe. Eu deixei-os na cama, na casa dela, com o amante dela. Ela recebe-te com prazer... eu não te quero. Mas quero de volta, sim, os brincos da minha mãe. — A dor começava a infiltrar-se de forma constante, intensificando-se a cada momento, até fazer-lhe a voz tremer: — Quero aqueles brincos de volta...

* * *

  O teto acima da cama era um vazio sombrio tão deplorável quanto o seu coração quando ela repassou mentalmente o momento em que se afastou de Bill. Ele levara Ericka à festa, mas quisera ir embora com ela. Pelo menos essa noite devia tê-la desejado mais que a outra. Talvez fosse uma tola por não ter acompanhado aquele homem.
  Furiosa, rolou de bruços. Onde tinham ido parar o seu orgulho e a sua auto-estima? Como podia até mesmo pensar em ter um fugaz e sórdido relacionamento com aquele libertino, imoral, arrogante? Não pensaria mais nele. Haveria de varrer aquele homem da sua mente. Para sempre!

***
  Com essa resolução firmemente enraizada na mente, Lauren foi de carro para a K’s na segunda-feira e mergulhou de corpo e alma no trabalho.
  Ao meio-dia, algumas das outras secretárias convidaram-na a juntar-se a elas para uma bebida após o expediente num bar local, e ela aceitou, feliz. Quando retornou do almoço, o telefone na sua mesa tocava. Largando a bolsa, ela olhou para trás, viu o escritório vazio de Jim e atendeu o telefone.
  — Senhora Danner? Por favor, venha até o departamento pessoal, imediatamente. — Era o senhor Weatherby. — Não temos muito tempo — comunicou-lhe cinco minutos depois, quando se sentou no escritório do gerente de pessoal. — Antes de mais nada, devo explicar-lhe que as informações contidas em cada proposta de emprego são automaticamente inseridas nos computadores da Global Industries. Então, sempre que um projecto exige alguém com talentos ou qualificações especiais, o departamento pessoal é notificado e faz-se uma busca no computador. Esta manhã, o próprio director da Global Industries recebeu uma ligação de alta prioridade solicitando uma secretária qualificada, competente e fluente em italiano. Você foi escolhida pelo computador. Na verdade, a segunda. A primeira opção foi uma mulher chamada Lucia Palermo, que trabalhou neste projecto antes, mas está de licença médica. Espera-se que se afaste da sua função regular todas tardes, durante as próximas três semanas. Notificarei o senhor Williams da sua nova designação quando ele retornar do almoço, e arranjarei outra secretária para trabalhar com ele durante as tardes, enquanto você trabalha neste projecto.
  As objecções de Lauren a essa arbitrária nova tarefa saíram num fluxo de palavras desarticuladas:
  — Mas ainda estou a tentar aprender a minha função actual, e Jim... o senhor Williams... não vai ficar nada satisfeito com...
  — O senhor Williams não tem opção — interrompeu o outro num tom frio. — Não sei qual a exacta natureza do projecto que exige italiano fluente, mas sei que é de prioridade máxima e confidencial. — Levantou-se. — Deve apresentar-se logo no escritório do senhor Kaulitz.
  — O quê? — perguntou Lauren, ofegante, assustada, levantando-se de um salto. — O senhor Kaulitz sabe que sou eu a pessoa designada para ele?
  O senhor Weatherby deu-lhe um olhar intimidante.
  — O senhor Kaulitz encontra-se numa reunião no momento, e a secretária dele não achou que devia interrompê-lo para tratar dessa pequena substituição.

* * *

  Uma atmosfera de contida excitação parecia impregnar o octogésimo andar quando Lauren atravessou o grosso piso atapetado verde-esmeralda em direcção à mesa circular no centro da área da recepção particular de Bill.
  — Meu nome é Lauren Danner — disse à recepcionista, uma bela morena. — O senhor Kaulitz requisitou uma secretária bilingue, e fui mandada pelo departamento pessoal.
  A outra olhou para trás quando as portas do escritório de Bill se abriram e de lá surgiram seis homens.
  — Direi ao senhor Kaulitz que está aqui — disse, educada. Quando estendeu a mão para o telefone, este começou a tocar e ela ergueu-o. Com a mão no bocal, sussurrou à recém-chegada: — Pode entrar. O senhor Kaulitz espera-a.
  “Não”, pensou Lauren, nervosa, “ele espera Lucia Palermo”.
  As altas portas de madeira do escritório de Bill encontravam-se ligeiramente entreabertas, e ele, em pé, de costas atrás da secretária, falava com alguém ao telefone. Inspirando fundo, Lauren entrou no imenso conjunto coberto por uma carpete creme e fechou em silêncio as portas atrás de si.
  — Certo — ele disse ao telefone após uma pausa. — Ligue para o escritório de Washington e diga à nossa equipa de Relações Trabalhistas que quero todos na Global Oil em Dallas esta noite.
  Com o telefone enganchado entre o ombro e a orelha, pegou numa pasta da mesa e começou a ler o seu conteúdo. Tirara o casaco e, ao folhear devagar as páginas, a camisa branca esticava e enrugava-se pelos ombros e pelas costas, que se afilavam aos poucos até à cintura. Lauren sentiu as mãos formigarem quando se lembrou da sensação ondulante daquele corpo masculino, o toque da pele quente sob as pontas dos seus dedos...
  Desprendendo com esforço o olhar, desviou-o e tentou acalmar as traiçoeiras sensações que se desenrolavam no seu íntimo. Afastados à esquerda, reviu os três sofás verde musgo que formavam um largo U ao redor da imensa mesa de centro com tampo de vidro, onde Bill se ajoelhara para examinar o tornozelo dela na noite em que o conhecera...
  — Notifique à refinaria de Oklahoma que talvez enfrentem alguns problemas também, até tudo isso se acertar — continuou Bill calmamente ao telefone. Fez-se uma breve pausa. — Óptimo. Ligue-me de volta quando se tiver encontrado com a equipa de Relações Trabalhistas em Dallas.
  Desligou o telefone e virou outra página do arquivo que lia.
  Lauren abriu a boca para anunciar a sua presença e deteve-se. Não cairia bem chamá-lo de Bill, e ela recusava-se por completo a, humilde e respeitosamente, chamá-lo de “senhor Kaulitz”, Ao dirigir-se à mesa de madeira, disse, em vez disso:
  — A sua recepcionista mandou-me entrar.
  Bill virou-se de repente. Com aqueles olhos mel como sempre inescrutáveis, largou, negligente, a pasta do arquivo no tampo da mesa, enfiou as mãos no fundo dos bolsos e contemplou-a calado. Esperou até vê-la parada logo à frente dele, do outro lado da mesa, para dizer, sem se alterar:
  — Podes tratar-me por tu, não faz diferença por estares a trabalhar para mim. – E continuou antes dela poder dizer algo. – Escolhes-te uma péssima hora para te desculpares, Lauren. Tenho de sair para um compromisso na hora do almoço em cinco minutos.
  Ela quase se engasgou diante dessa revoltante presunção de que ela devia alguma desculpa a ele, mas apenas lhe dirigiu um sorriso divertido.
  — Odeio ferir o teu ego, mas não vim aqui para me desculpar. Vim porque o senhor Weatherby em pessoa me mandou.
  Bill enrijeceu os maxilares.
  — Para quê? — perguntou, ríspido.
  — Para ajudar em algum projecto especial que exige uma secretária extra nas próximas três semanas.
  — Então estás a fazer-me perder tempo — ele informou-a mal-humorado. — Em primeiro lugar, não és qualificada nem experiente o bastante para trabalhar neste nível. Em segundo lugar, não te quero aqui.
  Esse desprezo transformou a fúria em banho-maria de Lauren numa borbulhante fervura, e ela não pôde impedir-se de incitá-lo:
  — Perfeito! — Respondeu rindo e recuou um passo. — Agora, poderias ter a bondade de ligar para o senhor Weatherby e dizeres-lhe isso? Eu já lhe tinha dado os meus motivos para não querer trabalhar para ti, mas ele insistiu que eu subisse aqui.
  Bill golpeou o interfone.
  — Ponha-me na linha com Weatherby — ordenou ríspido, e tornou a desviar o cortante olhar para Lauren. — Exactamente quais “motivos” lhe deste?
  — Eu disse — mentiu Lauren, irada — que tu és um devasso presunçoso, arrogante, e que eu preferiria a morte a trabalhar contigo.
  — Disseste isso ao Weatherby? — Perguntou o presidente da empresa numa voz baixa e ameaçadora.
  Ela manteve o sorriso fixo no rosto dele.
  — Disse.
  — E o que o Weatherby respondeu?
  Sem condições de suportar a gélida rajada do olhar de Bill, ela fingiu examinar as unhas pintadas.
  — Ah, disse que um monte de mulheres com quem tu dormiste, na certa se sentem assim em relação á tua pessoa, mas que eu deveria colocar a lealdade à empresa acima da minha compreensível repugnância por ti.
  — Lauren — declarou ele, triunfante —, estás despedida.
  Embora por dentro ela fosse uma agitada massa de raiva, dor e medo, manteve a compostura. Com uma régia inclinação da cabeça, rebateu:
  — Sabes, tive a certeza de que o presidente tampouco ia querer que eu trabalhasse para ele, e tentei dizer isso ao senhor Weatherby. — Encaminhou-se para as portas de madeira. — Mas ele achou que quando tu desses conta de que sou bilingue mudarias de ideia.
  — Bilingue? — Zombou o outro com desprezo. Ela virou-se para ele com a mão na maçaneta.
  — Ah, mas eu sou, sim. Posso te dizer exactamente o que acho de ti em italiano perfeito. — Viu no adversário um nervo saltar dos maxilares cerrados com rigidez e acrescentou em voz sarcástica: — Porém é muito mais divertido dizer-te em inglês: És um ordinário!
  Puxando com força a porta, atravessou marchando a área da recepção. Golpeava o botão do elevador quando a mão de Bill se fechou no seu pulso.
  — Volta para o meu escritório — ele grunhiu por entre os dentes.
  — Tira a mão de cima de mim! — sussurrou furiosa.
  — Quatro pessoas estão a olhar-nos — advertiu o presidente. — Ou voltas para o meu escritório por vontade própria ou vou arrastar-te até lá na frente delas.
  — Vai em frente e tenta fazer isso! — ela falou-lhe, com raiva, enfrentando-o. — Eu te processarei por agressão e convocarei todas as quatro como testemunhas!
  De forma inesperada, a ameaça dela arrancou-lhe um relutante sorriso.
  — Tens os olhos azuis mais incrivelmente lindos que já vi. Quando te enfureces, eles...
  — Poupa-me! — Sibilou Lauren, sacudindo com violência o pulso.
  — Já poupei — provocou-a com ar sugestivo.
  — Não fales comigo assim... não quero parte alguma de ti.
  — Sua pequena mentirosa. Tu queres cada pedacinho de mim.
  A sua zombeteira confiança neutralizou a luta dela e deixou-a sem ar. Derrotada, apoiou o cotovelo na parede de mármore e olhou-o com impotente súplica.
  — Bill, por favor, deixa-me ir embora.
  — Não posso. — Ele franziu a testa numa expressão sombria de perplexidade. — Sempre que te vejo, parece que não posso deixár-tr ir embora.
  — Tu despediste-me! — Ele riu.
  — Acabei de recontratar.
  Lauren sentia-se enfraquecida demais pela turbulência dos últimos minutos para resistir àquele sorriso devastador, e, além disso, precisava desesperadamente do emprego. Ressentida, impeliu-se para longe da parede e acompanhou-o até o escritório da secretária, ligado ao dele por uma porta.
  — Mary — ele disse a uma mulher de cabelos grisalhos que, no mesmo instante, ergueu o olhar penetrante, sob as lentes dos óculos. — Esta é Lauren Danner, que vai trabalhar no projecto Rossi. Enquanto eu estiver no almoço, instale-a aqui na secretária e entregue-lhe a carta que veio de Rossi esta manhã para traduzir. — Voltou-se para Lauren com um afectuoso sorriso íntimo. — Vamos ter uma longa conversa quando eu voltar.
  Mary Callahan, como proclamava a pequena placa com o nome na escrivaninha, não parecia mais entusiasmada com a presença de Lauren no seu escritório do que ela própria.
  — Você é muito nova — resumiu a mais velha, investigando com os olhos azul-claros o rosto e o corpo da recém-chegada.
  — Estou a envelher rápido — ela respondeu. Ignorando o incisivo olhar da mulher, instalou-se na mesa de trabalho em frente à da outra no grande escritório.
À uma e meia da tarde, o telefone de Mary tocou, e Lauren levantou-se da secretária para atendê-lo.
  — Mary? — perguntou em dúvida uma refinada voz feminina.
  — Não, aqui é Lauren Danner — respondeu com a melhor voz de secretária. — A senhora Callahan não está no escritório. Posso transmitir o recado?
  — Ah, olá, Lauren — respondeu a voz, com simpática surpresa. — Aqui é Ericka Moran. Não quero interromper o Bill, mas poderia dizer-lhe que vou chegar de Nova York amanhã no último voo? Diga que irei directa do aeroporto para o clube Recess e me encontrarei com ele lá às sete horas.
  A surpresa de Lauren com o fato de que obviamente a outra se lembrava dela foi superada em importância pelo ressentimento de ter que receber recados das namoradas de Bill.
  — Ele ainda está no almoço, mas dar-lhe-ei o recado — prometeu, com a voz enérgica.
  Desligou o telefone, que no mesmo instante tornou a tocar. Desta vez a mulher tinha um sotaque sulista arrastado, uma voz enrouquecida, e perguntou por “Billy”.
  Lauren apertou o fone com tanta força que a mão doeu, mas respondeu num tom afável:
  — Sinto muito, ele não está no momento. Quer deixar algum recado?
  — Ai, bolas! — sussurrou a voz sexy. — Sou a Vicky. Ele não me disse se a festa de sábado é formal ou não, e eu não faço a mínima ideia do que vestir. Ligarei para a casa dele à noite.
  “Faz isso!”, pensou Lauren, quase batendo o telefone na base.
  Mas, quando Bill retornou do almoço, ela já tinha recuperado a calma. Durante as três semanas seguintes, prometeu a si mesma, iria ater-se ao plano original e tratá-lo com a educada amizade que mostrava a qualquer um dos colegas. Se ele a pressionasse, seria apenas divertida, e se isso o irritasse — bem, óptimo!
  O interfone na secretária tocou. A sonora voz de barítono disparou-lhe um delicioso arrepio de cima a baixo, um arrepio ao qual resistiu com resignação.
  — Lauren, podes vir até aqui, por favor?
  Era óbvio que ele tinha se preparado para a “longa conversa” dos dois. Ela pegou nos recados que anotara e entrou no escritório.
  — Sim? — disse, erguendo as delicadas sobrancelhas em indagação, ao encontrá-lo sentado na borda da mesa, com os braços cruzados no peito.
  — Vem cá — chamou-a, muito calmo. Cautelosa, contemplou aquela postura relaxada e a indolente expressão acariciadora nos olhos. Avançou, mas parou fora do seu alcance.
  — Não é perto o suficiente — disse Bill.
  — É mais que perto o suficiente.
  A diversão brilhava nos olhos dele, que aprofundou a voz, para persuadi-la:
  — Precisamos de resolver algumas questões pessoais entre nós. Por que não o fazemos à noite, durante um jantar? — Sugeriu.
  Muito educada, Lauren recusou com uma meia verdade:
  — Lamento, já tenho compromisso.
  — Tudo bem. Que tal amanhã à noite? — ele perguntou, estendendo-lhe a mão.
  Ela acomodou com força os recados na palma estendida do outro.
  — Já tens um compromisso... a senhora Moran às sete no clube Recess.
  Bill ignorou o lembrete.
  — Vou partir para a Itália na quarta-feira...
  — Faz boa viagem — ela interrompeu-o, sorrindo.
  — Voltarei no sábado — continuou ele com um traço de impaciência. — Vamos...
  — Desculpa — disse Lauren com um sorrisinho divertido destinado a irritá-lo. — Estou ocupada no sábado, e tu também. A Vicky telefonou para saber se a festa de sábado é formal ou não. — Então, por se deliciar inteira com a visível frustração dele, acrescentou com um estonteante sorriso: — Ela chama-te de Billy. Acho lindo isso... Vicky e Billy.
  — Cancelarei o encontro — declarou seco.
  — Mas eu não cancelarei o meu. Agora, tens mais alguma coisa?
  — Tenho sim, bolas. Magoei-te, e sinto muito.
  — Aceito o teu pedido de desculpas — Lauren disse, rindo. — De qualquer modo, o dano foi só ao meu orgulho.
  Ele examinou-a, apertando os olhos.
  — Lauren, eu estou a tentar desculpar-me contigo para...
  — Já te desculpaste — ela interrompeu-o.
  — Para podermos continuar de onde paramos — ele concluiu, implacável. Após uma pausa reflexiva, acrescentou: — Para o bem de nós dois, teremos de ser discretos para evitar fofocas na empresa, mas acho que se tomarmos razoável cuidado quando estivermos juntos, conseguiremos administrar isso bem.
  Fúria, não prazer, tingiu as aveludadas faces dela, que conseguiu, porém, expressar apenas perplexidade:
  — Administrar o quê? Uma aventura barata?
  — Lauren — disse Bill numa voz de advertência —, quero que me conheças. Também sei que estás furiosa comigo por iniciar-te sexualmente, e depois...
  — Ah, mas não estou! — ela protestou com enganosa doçura. — Não trocaria aquela noite por nada no mundo. — Recuando um passo cauteloso, acrescentou com leviandade: — Na verdade, já decidi que, quando eu tiver uma filha e ela tiver a minha idade, eu vou telefonar-te. Se ainda estiveres “activo”, gostaria que a iniciasses...
  Um passo não bastou. Ele avançou para a frente, agarrou-lhe os pulsos e prendeu-a entre as coxas, os olhos faiscando com uma perigosa combinação de raiva e desejo.
  — Sua linda, atrevida... — precipitou a boca, tomando-lhe os lábios com bruta e devastadora fome e implacável insistência.
  Lauren cerrou os dentes e resistiu á demolidora investida daquele beijo. Com um supremo esforço físico, desviou o rosto.
  — Maldito sejas, para com isso! — Sufocou, enterrando o rosto no peito dele.
Bill afrouxou um pouco os seus braços nos ombros dela e, quando falou, tinha a voz rouca de confusão:
  — Se eu pudesse parar, acredita que o faria! — Entrelaçando os dedos nos cabelos dela, segurou-lhe o rosto entre as mãos e obrigou-a a olhar para ele. — Depois que te foste de Harbor Springs, pensei o tempo todo em ti. Durante todo o encontro no almoço de hoje, não consegui concentrar-me em nada além de ti, Lauren. Não consigo evitar isso.
  Essa confissão destruiu a resistência de Lauren, subjugando-a e seduzindo-a de uma maneira que nenhum beijo poderia ter feito.
  Bill percebeu que ela se rendera pela trémula suavidade de seus lábios. Encarou-os, as brasas acumuladas nos seus olhos saltando em chamas quando ele tornou a baixar a cabeça.
  — É este o projecto “de máxima prioridade confidencial” que exige a presença de Lauren aqui?

*Continua no proximo capitulo*

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Muahahah :L
Mata-mos o Bill??
xD
Quem será que os apanhou? O.O
muahahahah
jinhosss

Phi'K

2 comentários:

  1. Quem é que apanhou quem? o.O
    Nahh, não matamos o rapaz, coitado! Preciso dele para saber o que vai acontecer Muahahah
    Beijinhos <3

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