sábado, 21 de maio de 2011

A Pianist Spy - Capitulo 13

Capitulo 13

  Lauren tinha a mão trémula ao aplicar o batom e passar um pouco de blush nas maçãs do rosto. Olhou para o relógio; Jim chegaria dali a quinze minutos. Dirigiu-se a um dos armários espelhados e tirou dele um vestido de seda esvoaçante, o que acabara por escolher afinal naquela tarde, após experimentar todos os seus recém-adquiridos vestidos de noite.
  Agora que sabia como Bill era de facto um desavergonhado sem escrúpulos, arrogante, na certa não o acharia nem um pouco atraente, concluiu, puxando o fecho do vestido até cima e calçando as elegantes sandálias. Ainda assim, o seu velho orgulho exigia que ela exibisse a melhor aparência nesta noite.
  Ao fechar o armário, recuou para examinar a imagem de corpo inteiro nas portas espelhadas. Panos sobrepostos de seda creme ondulavam em matizes mais escuros de pêssego, criando um efeito de arco-íris suave na saia rodada, e faixas sobrepostas combinando entrecruzavam-se sob os seios e subiam num corpete sem mangas com um decote profundo fechado na nuca, que deixava os braços, os ombros e a parte superior das costas nus.
  Tentou sentir prazer com a sua aparência, mas não conseguiu. Não quando ia enfrentar o homem que sem o menor esforço a seduzira e depois sugerira que lhe telefonasse se ficasse grávida; um multimilionário a quem ela convidara para almoçar e oferecera para pagar qualquer coisa no cardápio.
  Levando em conta como Bill fora baixo e cínico, era surpreendente que ele não a tivesse de facto deixado pagar pela cara refeição, pensou, remexendo na caixa de jóias à procura dos preciosos brincos de ouro que haviam pertencido à mãe.
  Parou para ensaiar mentalmente a forma como iria tratá-lo esta noite. Por causa do que acontecera, seria natural que o desavergonhado esperasse vê-la magoada e furiosa, mas ela não tinha a menor intenção de deixá-lo perceber que se sentia assim. Ao contrário, ia convencê-lo de que o fim-de-semana em Harbor Springs não passara de uma divertida escapadinha, como era óbvio que fora para ele. Em nenhuma circunstância iria tratá-lo com frieza, pois a frieza mostraria-lhe que ela ainda se importava muito para estar com raiva. Mesmo que isso a matasse, iria tratá-lo com uma amizade casual, distante — o mesmo tipo de amizade impessoal que mostrava ao porteiro no trabalho.
  Isso o desestabilizaria, decidiu, ainda à procura dos brincos da mãe.
  Mas onde estavam? perguntou-se meio frenética um momento depois. Era a única coisa da mãe que tinha. Usara-os na festa em Harbor Springs, lembrou-se... e no dia seguinte no Abrigo. E naquela noite na cama, Bill beijara-lhe a orelha e tirara-os, porque o atrapalhavam...
  Os brincos da mãe estavam em algum lugar na cama da namorada dele!
  Lauren apoiou as mãos na penteadeira e lançou a cabeça para frente quando uma nova onda de raiva e dor a percorreu de cima a baixo. A probabilidade de que a outra tivesse os brincos herdados da mãe era certa.
  A campainha da porta soou e Lauren endireitou-se sobressaltada. Inspirando fundo, desceu e abriu-a.
  Parado à porta, Jim parecia em cada detalhe o impressionante executivo empresarial num atraente fato e gravata escuros.
  — Entre, por favor — disse, tranquila. Ele adiantou-se para o vestíbulo, e ela acrescentou: — Vou só pegar a minha bolsa e podemos ir. Ou gostaria de uma bebida primeiro?
  Como ele não respondeu logo, Lauren virou-se.
  — Algum problema?
  Jim deslizou o olhar pelas perfeitas feições dela e a lustrosa massa de cabelos cor de mel, derramados sobre os ombros em ondas profundas e serpeantes. Com um ar apreciativo, examinou-lhe a figura no sedutor vestido de seda e as pernas longas e bem torneadas.
  — Imagine... Está tudo maravilhoso — respondeu sorrindo.
  — Gostaria de uma bebida? — Repetiu, surpresa, mas não insultada com essa franca avaliação masculina.
  — Não, a não ser que você precise de uma para reforçar a sua coragem para encarar o Bill. - Lauren fez que não com a cabeça. – E tratemo-nos por tu.
  — Tudo bem. Mas não preciso de coragem. Ele nada significa para mim. — Jim disparou-lhe um olhar divertido ao conduzi-la porta afora até o seu Jaguar verde-escuro.
  — Deduzo que queres-me convencer de que não tens mais nenhum interesse romântico por ele, é isso?
  Ela teve a inquietante sensação de que não o enganara com a sua fachada de indiferença, mas também, ele vira-a a chorar desesperadamente.
  — Isso mesmo — admitiu.
  — Nesse caso... — Jim mudou a marcha quando entrou que nem um trovão na via rápida — eu vou dar-te um conselho não solicitado. Por que não passas alguns minutos a conversar com ele sobre a festa ou o teu novo emprego, e depois, com um sorriso muito encantador, pedes licença e aproximas-te de outra pessoa... eu, por exemplo, se estiver perto e disponível, o que tentarei fazer.
  Ela virou-se para Jim com um sorriso afectuoso de gratidão.
  — Obrigada — disse. Sentindo-se calma e confiante, relaxou.
  Mas quando as portas do elevador se abriram dentro do elegante restaurante giratório, no octogésimo primeiro andar, ela deu uma olhada na animada multidão que circulava ao redor e sentiu uma corda de tensão enrolar-se no pescoço, sufocando-a. Bill encontrava-se em algum lugar ali.
  No bar, Jim pediu as bebidas para os dois, e Lauren olhou em volta no momento em que um grupo de pessoas se deslocou para um lado.
  E lá estava o Bill...
  Parado do outro lado do ambiente, lançava a cabeça para trás e ria de algo que fora dito. Lauren sentiu o coração bater descontrolado ao absorver-lhe as bonitas feições, a elegante facilidade com que usava o fato escuro impecável, o jeito descontraído com que segurava o copo na mão. Ela notou cada detalhe dolorosamente familiar nele. E distinguiu então a bela loura que lhe sorria de rosto erguido, com a mão apoiada com intimidade na manga dele.
  A angústia fluiu pelas veias de Lauren como ácido quente. Aquela era Ericka Moran, a mulher que estava com Bill na foto do jornal. E o deslumbrante vestido creme que ela usava era o mesmo que ele enviara a Lauren em Harbor Springs!
  Sobressaltada, afastou o olhar e pôs-se a falar com Jim, mas a rigidez dos seus maxilares quando ele, também, viu a bela loura do outro lado deteve-a no ato. No rosto de Jim, ela viu furiosa desolação e desejo impotente — as mesmas emoções que ela sentira momentos antes, quando olhara para Bill. Jim, concluiu, estava apaixonado por Ericka.
  — Aqui está a tua bebida. — ele acabou por dizer, entregando-a a Lauren. — É hora de iniciarmos a nossa pequena farsa.
  Com um implacável sorriso, tomou-lhe o cotovelo e começou a conduzi-la em direcção aos dois. Lauren recuou.
  — Com certeza não precisamos ir directo até eles, precisamos? Se o Bill é o anfitrião, é responsabilidade dele cumprimentar todos na festa.
  Jim hesitou e depois assentiu com a cabeça.
  — Tudo bem, nós os faremos vir até nós.
  Durante a meia hora seguinte, enquanto circulavam entre os convidados, Lauren tornou-se cada vez mais convencida de que tinha razão sobre Jim e Ericka, e que o seu chefe tentava deixar o casal enciumado. Sempre que a loura olhava na direcção deles, ele sorria para Lauren ou a provocava com alguma coisa. Esta cooperava tentando fazer parecer que se divertia horrores, mas o fazia pelo bem de Jim, não pelo seu. No seu dilacerado coração, sabia que Bill não dava a mínima para o que fazia ou com quem estava.
  Ela tomava a segunda bebida quando, de repente, Jim lhe passou o braço pelos ombros. Ficou tão surpresa que ignorou o aperto de aviso da mão dele no seu pulso.
  — O grupo reunido ali — disse, com um deliberado sorriso — é o conselho de directores... todos industriais ricos e gananciosos. O homem à esquerda é o pai de Ericka, Horace Moran. A família de Horace — explicou — está no ramo de petróleo há gerações.
  — Que inconveniente — gracejou Lauren, adejando os cílios de forma cómica para fazê-lo rir.
  Jim disparou-lhe um olhar de advertência e continuou:
  — O homem ao lado dele é Crawford Jones. A família dele, e a da esposa também, estão no ramo de títulos, acções de companhias.
  — Gostaria de saber por que não os deixam livres das acções e obrigações? — provocou a jovem.
  — Porque — respondeu uma voz risonha dolorosamente conhecida atrás dela — Crawford e a esposa são medonhos, e ninguém os quer a correr livres por aí a ameaçar criancinhas.
  Todo o corpo de Lauren de repente se enrijeceu ao som da voz de barítono de Bill; então ela forçou-se a virar. Bastou um olhar para a alegria daqueles olhos mel, enquanto Bill esperava a sua reacção para fazer o orgulho vir socorrê-la. Embora desmoronasse em milhares de pedaços por dentro, conseguiu sorrir ao tocar a mão dele.
  — Olá, Bill.
  Ele apertou os dedos em volta dos dela.
  — Olá, Lauren — respondeu sorrindo.
  Com todo o cuidado, ela retirou a mão e dirigiu um animado e expectante sorriso a Ericka, e Jim logo as apresentou.
  — Estive a admirar o seu vestido a noite toda, Lauren — disse Ericka. — É deslumbrante.
  — Obrigada. — Sem olhar para Bill, acrescentou: — Notei o seu assim que entramos. — Depois  virou-se para Jim. — Ah, vê, o senhor Simon. Ele está a tentar falar contigo há muito tempo, Jim. — Com o último fiapo da pose que se desfazia, Lauren ergueu os olhos azuis para as inescrutáveis feições do anfitrião e pediu, com toda a educação: — Podem nos dar licença, por favor?
  Logo depois, Jim ficou absorvido numa conversa com um vice-presidente, então ela teve de fazer um enorme esforço para ser encantadora, espirituosa e virar-se sozinha. Logo se viu cercada por um grupo lisonjeiramente grande de homens interessados, admiradores, e durante o resto da noite evitou com todo o escrúpulo olhar na direcção de Bill. Duas vezes virou-se e, sem querer, topou com o penetrante olhar dele, e nas duas ocasiões desviou o olhar como quem não quer nada, como se à procura de outra pessoa. Mas, depois de três horas, a tensão de encontrar-se na mesma sala que aquele homem tornara-se insuportável.
  Ela precisava de um pouco de solidão, um alívio de alguns minutos da constante pressão da presença de Bill. Procurou Jim e viu-o parado perto do bar, a conversar com um grupo de homens. Ela esperou até lhe atrair a atenção e inclinou de leve a cabeça para as portas deslizantes que se abriam para a parte do restaurante que ficava no pátio ao ar livre. Ele acenou com a cabeça, a sua expressão dizendo-lhe que logo se juntaria a ela.
  Virando-se, Lauren atravessou as portas para o bem-vindo silêncio da noite fria. Envolta naquela escuridão aveludada, encaminhou-se para a parede alta que cercava o pátio e contemplou o resplandecente panorama de luzes espalhadas por quilómetros, oitenta e um andares abaixo. Conseguira — e com sucesso — tratar Bill com uma perfeita combinação de amizade impessoal e sorridente descaso. Sem recriminações, nem justificável indignação por ele não lhe ter telefonado. Ele deve ter ficado pasmo com essa atitude, pensou, com exausta satisfação, ao erguer o copo e tomar um gole da sua bebida.
  Ouviu atrás de si um sussurro quando a porta deslizante se abriu e fechou, e resignou-se à perda da solidão de que tanto necessitava. Jim viera juntar-se a ela.
  — Como estou a sair-me até agora? — perguntou, forçando uma alegre leveza na voz.
  — Estás a sair-te muito bem — escarneceu a voz indolente de Bill. — Já quase me convenci de que sou invisível.
  Lauren sentiu a mão tremer com tanta violência que os cubos de gelo tilintaram. Virou-se devagar, tentando raciocinar. Devia parecer despreocupada e refinada, lembrou-se, como se o que tivesse acontecido entre os dois não significasse mais para ela que para ele. Obrigou-se a erguer o olhar acima da camisa branca e gravata listrada até os olhos cheios de humor.
  — É uma festa maravilhosa — comentou.
  — Sentiste a minha falta?
  Ela arregalou os olhos com simulada inocência.
  — Andei muito ocupada.
  Bill encaminhou-se até à parede, apoiou a mão ali e examinou-a em silêncio. Observou a brisa soprar-lhe os cintilantes cabelos pelos ombros nus antes de cravar novamente o olhar no rosto dela.
  — Então — perguntou com um sorriso —, não sentiste nem um pouco a minha falta?
  — Andei muito ocupada — repetiu, mas a compostura deslizou um nível abaixo e acrescentou: — E por que deveria sentir? Não és o único homem desejável e disponível em Michigan.
  Ele ergueu a sobrancelha em divertida especulação.
  — Essa é a tua maneira de dizer-me que, após experimentares o sexo comigo, decidis-te que gostastes-te e estiveste... ha... a aumentar a tua experiência?
  Santo Deus! Ele nem se importava se ela tivesse ido para a cama com outros!
  — Agora que estiveste com outros homens para usares como base de comparação, como me classificas? — provocou Bill.
  — Que pergunta adolescente — rebateu Lauren, desdenhosa.
  — Tens razão. Vamos.
  Entornando o restante da bebida num único gole, ele largou o copo numa das mesas, depois largou o dela ao lado e agarrou-lhe a mão. Girou o pulso e enlaçou os seus dedos fortes com os dela, que teve uma vertiginosa consciência daquela pele quente e não parou para pensar, até começar a ser levada em direcção a uma porta sem identificação no canto do prédio.
  Quando Bill estendeu a mão para abrir a porta, a sanidade retornou e Lauren recuou.
  — Bill, eu gostaria de te fazer uma pergunta, e quero uma resposta honesta. — Ele balançou a cabeça, e ela disse: — Quando te deixei em Harbor Springs, pretendias algum dia tornar a ver-me... quer dizer, sair comigo?
  Bill encarou-a com toda a calma.
  — Não.

*Continua no proximo capitulo*

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OMG OMG !
Eu não acredito O.O
Tou em ataque de esterismo !!!
xD
Kuss <33'
Amo-vosssss mt mt mt

Phi'K

2 comentários:

  1. Eu vou espancá-lo O.O
    Tu segura-me que eu vou-me a ele!
    Posta mais!

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  2. O Bill anda a passar dos limites!!! :@@@@
    Ataque de histerismo por causa da fic ou há outra razão?! *cusca*
    Beijinhos <3

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