Capitulo 12
Na manhã seguinte, Lauren atirou-se ao trabalho com mais determinação que sucesso. Cometeu erros nas cartas que dactilografara, desconsiderou duas ligações de Jim e arquivou no lugar errado um importante documento. Ao meio-dia, saiu para uma caminhada e passou diante do prédio da Global Industries esperando, embora sem esperança, que Bill se materializasse. Mas isso revelou-se inútil, e o pior foi que, ao fazê-lo, sacrificou o pouco que lhe restara do devastado orgulho.
“Chega de liberação sexual das mulheres!”, pensou infeliz, girando outra folha de papel na máquina de escrever naquela tarde. Não conseguia tratar sexo como algo casual, continuaria sentindo-se confusa e decepcionada se não tivesse dormido com Bill, mas pelo menos não se sentiria usada e descartada.
— Está tendo um dia mau? — perguntou Jim mais tarde, quando ela lhe entregou um relatório que tivera de dactilografar mais duas vezes antes de ficar correcto.
— Sim, desculpe — respondeu Lauren. — Não os tenho com frequência — acrescentou com o que esperava que fosse um sorriso tranquilizador.
— Não se preocupe com isso... acontece com toda a gente.— acrescentou Jim, rubricando as iniciais no canto inferior do documento. Olhou o relógio de pulso e levantou-se. — Tenho de levar este relatório ao escritório da controladora no novo prédio.
Todos se referiam ao prédio da Global Industries como “o novo prédio”, portanto Lauren não teve a menor dúvida do que ele queria dizer.
— Já viu o espaço que vamos ocupar lá? — Lauren sentiu seu sorriso moldar-se.
— Não, não vi; tudo o que sei é que, na manhã de segunda-feira, deveremos nos apresentar para trabalhar lá.
— Certo — confirmou ele, vestindo o casaco. — A K’s é a menor e menos lucrativa das subsidiárias da Global Industries, mas os nossos escritórios vão ser muito impressionantes, Lauren. Antes de ir embora — disse, entregando-lhe uma folha rasgada de jornal —, poderia mostrar isto à Susan Brook, no departamento de Relações Públicas e perguntar se ela já viu? Se não viu, diga que fique com esta cópia para o arquivo do RP. — Virou-se para sair do escritório. — Na certa já terá ido embora quando eu voltar. Tenha uma noite agradável.
Alguns minutos depois, Lauren dirigiu-se meio desligada ao departamento de Relações Públicas. Acenou com a cabeça e sorriu para os outros funcionários ao passar pelas mesas deles, mas na sua mente via Bill. Como ia conseguir esquecer algum dia a forma como a brisa lhe despenteava os cabelos escuros enquanto ele fisgava aquele peixe idiota? E como ele ficava bem num smoking?
Reprimindo a desolação que sentia, sorriu para Susan Brook ao entregar-lhe a folha que Jim arrancara do jornal.
— Jim pediu-me para perguntar se já viu isto. Se não, disse que pode ficar consigo para colocar no arquivo.
Susan desdobrou a folha e deu uma olhada.
— Não vi. — Rindo, enfiou a mão em um compartimento da secretária e retirou uma pasta bem grossa, cheia de recortes de revistas e jornais. — O meu trabalho predilecto é manter o arquivo dele actualizado — disse rindo ao abri-lo. — Veja... não é o mais deslumbrante pedaço de homem que você já viu?
Lauren deslizou o olhar do irrepreensível sorriso de Susan para o rosto de fria beleza masculina com o qual se deparava na capa da revista Newsday. O choque imobilizou-lhe o corpo inteiro em rigidez quando estendeu a mão para pegar a revista.
— Leve o arquivo todo consigo para a sua mesa e babe o quanto quiser — sugeriu a relações-públicas, alheia ao estado de choque de Lauren.
— Obrigada — respondeu ela, com a voz embargada. Retornou apressada ao escritório de Jim e, fechando a porta atrás de si, afundou numa cadeira e abriu a pasta. As mãos frias e húmidas deixaram impressões digitais na brilhante capa da revista Newsday quando ela traçou as arrogantes sobrancelhas de Bill, os lábios que uma vez acariciaram e devoraram os dela, num esboço de sorriso. “Bill Kaulitz”, dizia a legenda abaixo da foto. “Presidente e Fundador da Global Industries.” Não acreditava no que via; a sua mente recusava-se a aceitar aquilo.
Largando de lado a revista, Lauren aos poucos desdobrou a página que Jim arrancara do jornal, datado de duas semanas atrás... do dia depois de Bill mandá-la embora de Harbor Springs porque um “parceiro de negócios” chegaria para vê-lo. A manchete dizia: “Águias financeiras e as suas borboletas reúnem-se para cinco dias de prazer em festa na Harbor Springs.” Toda a página era dedicada a fotos e comentários sobre a festa. No centro, destacava-se uma foto de Bill deitado no terraço de cedro da casa no Abrigo, o braço ao redor de uma bela loura que não fora vista na reunião quando Lauren estava lá. A legenda dizia: “O industrial Bill Kaulitz e a companheira de longa data, Ericka Moran, na casa da Senhora Moran, perto de Harbor Springs.”
Companheira de longa data... casa da Senhora Moran...
A dor dilacerou-a, como se rasgasse o seu peito e garganta. Bill levara-a à casa da namorada e fizera amor com ela na cama da outra!
— Ah, meu Deus — ela sussurrou em voz alta, os olhos enchendo-se de lágrimas escaldantes.
Ele fizera amor com ela e depois a mandara embora porque a outra decidira juntar-se ao grupo em Harbor Springs.
Como se precisasse atormentar-se ainda mais, Lauren leu cada palavra na página, e depois, pegou o exemplar da Newsday e leu toda a matéria de oito páginas. Quando terminou, a revista escorregou-lhe dos dedos dormentes e caiu no chão.
Não era de se admirar que Bebe Leonardos houvesse sido tão hostil! Segundo a matéria, Bill e Bebe haviam se envolvido num tórrido caso amoroso amplamente noticiado, que durara até ele largá-la por uma estrela do cinema francês — a mesma mulher que jogava ténis de salto alto naquela noite em Harbor Springs.
Uma risada histérica borbulhou no íntimo de Lauren. Enquanto dirigia de volta para o Missouri, o descarado fazia amor com a amante. Enquanto permanecia sentada junto ao telefone dia e noite na última semana, tricotando uma camisa para ele, ele comparecia a um baile beneficente com Ericka em Palm Springs.
A humilhação cobriu-a de ondas que a afogavam e explodiam pelo corpo todo. Os ombros tremiam com silenciosos e violentos soluços quando ela cruzou os braços no tampo da escrivaninha de Jim e enterrou o rosto ali. Chorava pela própria idiotice, pelas ilusões despedaçadas e pelos sonhos partidos. A vergonha disparou mais lágrimas que lhe vertiam dos olhos — fizera amor com um homem a quem conhecera por apenas quatro dias! Se não fosse por pura sorte, estaria grávida agora mesmo!
Lembrou-se do sofrimento indignado que sentira porque a mãe dele o abandonara quando menino, e chorou com mais vontade ainda. A mãe devia tê-lo afogado!
— Lauren? — A voz de Jim interrompeu-lhe o pranto.
Ela sobressaltou-se e ergueu de imediato a cabeça quando ele chegou ao seu lado.
— Que aconteceu? — perguntou assustado. Engolindo a infelicidade, ela dirigiu devagar o olhar ao preocupado rosto do chefe. Os exuberantes cílios exibiam pontas cheias de lágrimas e os olhos azuis estavam marejados.
— Eu pensei que ele fosse um engenheiro comum, que queria começar uma empresa própria algum dia. E ele deixou-me acreditar nisso! — arquejou ela. — Deixou que eu acreditasse! — A compaixão no semblante de Jim foi mais do que ela podia suportar. — Posso sair daqui sem ninguém me ver? Quer dizer, todos já foram embora?
— Já, mas você não vai dirigir nesse estado. Eu levo...
— Não — logo protestou Lauren. — Estou bem, de verdade! Posso dirigir.
— Tem a certeza?
Ela adquiriu, enfim, o controle da voz trémula: — Absoluta. Fiquei apenas chocada e um pouco sem graça, só isso.
Jim gesticulou sem jeito em direcção ao arquivo.
— Já terminou com isso?
— Não li tudo — ela respondeu, perturbada.
Jim pegou a revista no chão, guardou-a na pasta com o recorte de jornal e estendeu-lhe o grosso arquivo. Lauren pegou-o, como automática, e saiu a correr. Ela achou que ia desatar de novo em prantos ao entrar no carro, mas isso não aconteceu. Tampouco chorou durante as três horas que passou a ler o arquivo. Não haviam restado mais lágrimas.
***
Lauren chegou ao estacionamento após passar pela placa que dizia: Reservado aos Funcionários da K’s. Depois do que lera na noite anterior, o nome K’s tinha outro significado: Componentes Eletrônicos Kaulitz. A empresa fora fundada, segundo o The Wall Street Journal, por Matthew Kaulitz e o seu neto Bill doze anos antes, numa garagem atrás do que era hoje o restaurante de Tony.
Estacionou o carro, pegou o arquivo sobre Bill Kaulitz no banco do passageiro e saltou. Bill construíra um império financeiro, e agora mantinha-o vivo empregando espiões entre os concorrentes. Óbvio que era tão inscrupuloso nas actividades comerciais quanto na vida pessoal, ela pensou, feroz.
As mulheres no escritório sorriram-lhe com alegres saudações, o que a fez sentir-se culpada porque ia desempenhar um papel na destruição da empresa para a qual trabalhavam. Não, destruí-la não, corrigiu-se ao pôr a bolsa na secretária. Se a K’s merecesse sobreviver, deveria ter competência para competir honestamente pelos contratos. Do contrário, merecia extinguir-se antes que destruísse os concorrentes honestos, empresas como a de Gordon Whitworth.
Parou diante do escritório de Jim. Saberia ele que a K’s pagava a espiões? De algum modo, achava que não. Não podia acreditar que o seu chefe aprovasse tal coisa.
— Obrigada por me deixar levar o arquivo para casa — disse em voz baixa ao entrar na sala.
Ele logo desprendeu o olhar do relatório na mão para as feições pálidas e compostas de Lauren.
— Como se sente esta manhã? — perguntou, calmo. Envergonhada, ela enfiou as mãos nos fundos bolsos laterais da saia.
— Envergonhada... e muito idiota.
— Sem entrar em detalhes dolorosos, poderia dar-me uma ideia do que Bill fez para magoá-la tanto assim? Com certeza não estava a chorar daquela maneira porque descobriu que ele é rico e bem-sucedido!
Lauren sentiu uma nova pontada de dor à lembrança de como colaborara de bom grado para aquele jogo de sedução. Mas devia a Jim algum tipo de explicação sobre o comportamento histérico que exibira na noite anterior, e respondeu com uma tentativa esfarrapada de exibição de indiferença:
— Por eu achar que ele era um simples engenheiro, disse e fiz algumas coisas cuja lembrança me deixa extremamente envergonhada.
— Entendo — Jim assentiu com toda a calma. — E o que pretende fazer em relação a isso?
— Mergulhar no trabalho aqui e aprender tudo o que puder — ela respondeu com ressentida sinceridade.
— Eu quis dizer o que pretende fazer quando encontrar Bill?
— Jamais quero tornar a vê-lo enquanto eu viver! — Foi a resposta concisa.
Um meio sorriso repuxou os lábios de Jim, mas a sua voz saiu solene:
— Lauren, sábado que vem vão oferecer um coquetel privado no restaurante giratório da cobertura do prédio da Global Industries. Esperam que todos os principais executivos das nossas várias empresas e as respectivas secretárias compareçam. O objectivo da festa é reunir todos os que trabalhavam em diferentes prédios antes, para termos a oportunidade de conhecer pessoalmente uns aos outros. E você terá a oportunidade de conhecer as secretárias com quem tratará no futuro, além dos chefes delas. Bill é o anfitrião.
— Se não se importa, eu preferia não ir — disse ela sem rodeios.
— Eu importo-me.
Ela sentiu-se encurralada. Jim não era o tipo de chefe que deixaria a vida pessoal da secretária interferir no trabalho. E se perdesse o emprego, jamais descobriria a quem Bill pagava para espionar a empresa de Gordon Whitworth.
— Mais cedo ou mais tarde, terá de se encontrar cara a cara com o Bill — continuou Jim num tom persuasivo. — Não prefere que isso aconteça no sábado, quando já estiver preparada de antemão? — Ao vê-la ainda hesitar, declarou categórico: — Vou busca-la às sete e meia.
*Continua no proximo capitulo*
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Xiiii, vocês andam rapidas o.o
x)
O Bill é um anjo (a)
mauahahah :L
Kiss loves <33'
Phi'K
Eu vou castrar o Kaulitz -.-
ResponderEliminarOh Phi posta mais, não me podes deixar assim :3
Bill muito mau! >.<
ResponderEliminarOlha, eu e a BOPS já fizemos o nosso blog se quizeres ver: http://ficsluisaandbops.blogspot.com
Beijinhos ;D
<3
PHIIII
ResponderEliminarAi meu Deus! Tu queres-me matar? Eu amo isto
MAIS MAIS MAIS MAIS MAIS MAIS