Capitulo 11
O optimismo de Lauren não a deixou durante os movimentados dias de empacotamento dos pertences e arrumação das malas, e desabrochou em excitada expectativa na quinta-feira de manhã, quando se despediu do pai e da madrasta com um aceno de mão e partiu para Michigan.
Com as indicações dadas por Gordon Whitworth, não teve dificuldades para localizar o elegante condomínio residencial de Bloomfield Hills naquela noite. De fato, teve alguma dificuldade para acreditar que iria morar mesmo ali. Passava por uma casa magnífica depois da outra. Espectaculares casas de pedra e vidro ficavam bem afastadas da rua arborizada, em parte ocultadas pelo esmerado paisagismo; mansões estilo Tudor estendiam-se ao lado de imensas casas coloniais georgianas de pilares brancos.
Eram dez horas da noite quando parou diante dos portões de um condomínio fechado com lindas residências no estilo espanhol de tirar o fôlego. O porteiro saiu e examinou-a pela janela aberta do carro. Ao ouvi-la dar o nome, disse:
— O senhor Whitworth entrou com o carro há meia hora, senhora. — Depois de levar Lauren até à rua em que iria morar, respeitosamente levou os dedos à aba do chapéu e acrescentou: — Como é uma nova moradora, se eu puder ser de alguma ajuda, basta avisar.
Lauren esqueceu o seu cansaço depois de estacionar diante de um adorável pátio com entrada arqueada que exibia o número 175. Gordon prometera mostrar-lhe os arredores e parara o Cadillac no acesso que levava à garagem privada.
— Bem, o que acha? — ele perguntou meia hora depois, quando terminou a visita ao luxuoso apartamento.
— Acho maravilhoso — disse Lauren, levando uma das malas ao quarto, onde uma parede inteira espelhada ocultava o espaço do armário. Abriu uma porta e desviou o olhar, estupefacto, para Gordon. — Que faço com estas roupas? — Aquela e cada porta aberta achavam-se lotadas de deslumbrantes conjuntos e vestidos de linho, seda e pele. Ela reconheceu algumas das marcas de estilistas, enquanto outras peças pareciam ser originais de Paris. A maioria das roupas ainda conservava as etiquetas e era óbvio que nunca haviam sido usadas. — A sua tia, sem dúvida, tem um gosto juvenil para roupas — comentou.
— A minha tia é uma consumidora compulsiva — explicou Gordon, desinteressado. — Ligarei para alguma instituição de caridade vir buscar todas estas coisas.
Lauren correu a mão por um bonito blazer de veludo vinho e olhou a etiqueta pendendo da manga. Não apenas a mulher tinha um gosto muito jovem para roupas, como também usava o mesmo tamanho que ela.
— Gordon, pensaria na possibilidade de me deixar comprar algumas destas roupas?
Ele encolheu os ombros.
— Agarre o que quiser e dê o resto; vai poupar-me trabalho — disse, já se dirigindo à escada para a sala de estar no andar de baixo.
Lauren apagou as luzes e seguiu-o.
— Mas são roupas muito caras...
— Sei quanto custam — interrompeu-a, irritado. — Paguei por elas. Escolha o que quiser... são suas. — Após ajudá-la a carregar o resto das coisas do carro, virou-se para ir embora. — Aliás — parou com a mão na maçaneta da porta —, a minha mulher não sabe que comprei esta casa para a minha tia. Simone acha que os meus parentes se aproveitam de mim em termos financeiros, por isso jamais comentei a ela. Ficaria grato se não comentasse nada também.
— Sim, claro, não vou dizer nada. — prometeu Lauren. Depois que ele partiu, ela fitou o luxuoso apartamento que era agora o seu lar, a lareira de mármore, as valiosas antiguidades e os graciosos móveis estofados de seda. O apartamento parecia ter sido decorado para uma capa de revista. A visão das roupas atraentes penduradas nos armários no andar de cima ficou acima de tudo na sua mente. “A minha mulher não sabe que comprei esta casa para a minha tia... por isso, ficaria grato se não comentasse nada...”
Um sorriso astuto iluminou-lhe devagar o rosto quando tornou a olhar a bela sala e balançou ironicamente a cabeça. Tia nada... era amante dele! Em algum momento no passado recente, Gordon Whitworth devia ter tido uma amante. Lauren afastou a questão com um dar de ombros; não tinha nada a ver com isso.
Encaminhou-se até o telefone e suspirou de alívio quando ouviu o sinal de discagem. O telefone estava a funcionar. O dia seguinte era sexta-feira, e Bill talvez telefonasse.
***
Na manhã seguinte, sentou-se à mesa da cozinha, para fazer a lista de compras. Além dos itens essenciais, precisava de dois especiais para quando Bill aparecesse: uísque e Grand Marnier. Agarrando a sua bolsa, olhou de relance para o telefone. A ideia de que ele talvez não telefonasse revolveu-lhe a mente, mas ela afastou-a. Bill desejara-a com muita intensidade em Harbor Springs, e deixara isso óbvio. Quando nada, o desejo sexual o levaria até ela.
Duas horas depois, entrava em casa com as compras que fizera. Passou o resto do dia a escolher as roupas nos armários, experimentando-as e separando as que cabiam e as que tinham de ser ajustadas. Bill ainda não havia telefonado quando foi deitar-se, mas consolou-se com a ideia de que ligaria no dia seguinte, sábado.
Passou o sábado desfazendo as malas e mantendo-se perto do telefone. No domingo, sentou-se à escrivaninha e elaborou um orçamento que lhe permitiria mandar o máximo de dinheiro possível para casa. Lenny e Melissa também ajudavam, mas cada um tinha hipotecas e outras obrigações financeiras que ela não tinha.
O bónus de dez mil dólares que Gordon prometera sem dúvida era tentador — se conseguisse descobrir o nome daquele espião ou então saber alguma coisa de verdadeiro valor para a empresa dos Whitworth. Lauren descartou a última alternativa. Se desse a Gordon informação confidencial, não seria em nada melhor do que o espião que ele tentava desmascarar.
Além da dívida dos pais, tinha as contas de luz, de telefone, de supermercado. Mais a prestação do carro e a mensalidade do seguro... A sua lista de obrigações parecia não ter fim.
Na segunda-feira, ao ver um novelo de lã cor de mel, da cor dos olhos de Bill, numa loja, decidiu comprá-lo e fazer uma camisa de tricô. Disse a si mesma que iria tricotá-lo como um presente de Natal para o meio-irmão, mas no íntimo sabia que era destinado ao Bill...
Na noite do dia seguinte, domingo, quando separava as roupas que usaria no primeiro dia de trabalho, tranquilizou-se, pensando que amanhã ele telefonaria... para desejar-lhe sorte no novo emprego.
***
— Bem, está pronta para se demitir? — Brincou o seu novo chefe, Jim Williams, às cinco horas da tarde seguinte. — Ou acha que aguenta a pressão?
Lauren sentou-se em frente a ele na escrivaninha, com o bloco de estenografia todo rabiscado. Bill não telefonara para desejar-lhe boa sorte no primeiro dia, mas ela ficara tão ocupada que não tivera muito tempo para sentir-se infeliz em relação a isso.
— Acho — respondeu rindo — que trabalhar consigo será uma experiência cheia de emoções.
Ele riu, desculpando-se:
— Trabalhamos tão bem juntos que, uma hora depois de estar aqui, eu esqueci-me que era novata. — Lauren sorriu ao ouvir o elogio. Era verdade, trabalhavam bem juntos. — Que acha do pessoal? — ele perguntou e, antes que ela pudesse responder, acrescentou: — O consenso entre os homens aqui é que tenho a mais bela secretária da empresa. Andei a responder a perguntas sobre si o dia todo.
— Que tipo de perguntas?
— A maioria sobre seu estado civil... se é casada, comprometida ou se está disponível. — Com uma sobrancelha indagadora erguida, perguntou: — Está disponível, Lauren?
— Para o quê? — ela gracejou, mas teve uma inquieta sensação de que a pergunta indirecta se referia ao status do seu relacionamento com o Bill. Levantando-se, apressou-se a dizer: — Quer que eu termine essa transcrição esta noite, antes de ir embora?
— Não, amanhã de manhã está bom.
Será que havia entendido errado ou as perguntas de Jim tinham sido mais para ele mesmo do que em nome da informação geral? Perguntou-se enquanto esvaziava a escrivaninha. Sem dúvida, ele não poderia estar a pensar em convidá-la para sair. Segundo o que lhe disseram no almoço nesse dia, três das suas secretárias haviam cometido o erro de sucumbir ao carismático apelo de Jim, que logo as transferira para outras divisões.
Segundo o mexerico, era uma figura destacada na sociedade, rico e excelente partido, mas avesso a misturar negócios com prazer. Com certeza, era bem bonitão, pensou Lauren, imparcial. Alto, volumosos cabelos cor de areia e afectuosos olhos dourados.
Ela verificou as horas no relógio e trancou às pressas a secretária. Se Bill fosse finalmente telefonar, decerto o faria esta noite. Ligaria para perguntar-lhe como fora o primeiro dia no trabalho. Se não ligasse agora, após duas semanas e um dia, era óbvio que não tinha a menor intenção de fazê-lo. Ela sentiu náusea só de pensar nisso.
Dirigiu o carro até casa o mais rápido possível que o intenso trânsito lhe permitiu. Eram seis e quinze quando avançou a toda a velocidade condomínio adentro. Preparou uma sanduíche, ligou a TV e sentou-se no sofá de seda listrada de azul e branco, fitando o telefone. Torcendo para que tocasse.
Às nove e meia subiu e tomou um duche, deixando a porta da casa de banho aberta para poder ouvir o telefone no quarto. Às dez horas, deitou-se. Ele não ia telefonar-lhe. Jamais.
Fechou os olhos envoltos em lágrimas e o bonito rosto de Bill surgiu à sua frente. Via-lhe o franco desejo no olhar de pálpebras pesadas quando a olhava, ouvia a voz precisa, profunda, dizendo: “Eu quero-te, Lauren.”
Era óbvio que não a queria mais. Lauren virou a cabeça no travesseiro e lágrimas quentes escorreram-lhe dos cantos dos olhos.
*Continua no proximo capitulo*
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O Bill é terrivel :c
xD
See you*
<3'
Phi'K
O Bill é mesmo terrível O.O
ResponderEliminarPostaaaaaa maaaaissss!
O Bill parece mais o Tom aqui x) é mau!!
ResponderEliminarBeijinhos