Capitulo 8
Na manhã seguinte, às onze e cinquenta, Lauren teve muita sorte de encontrar uma vaga para estacionar do outro lado dos escritórios da K’s, bem em frente ao prédio da Global Industries. Com uma mistura de medo e expectativa, saiu do carro, alisou a saia bege justa, ajeitou o casaco e atravessou a rua ao encontro do senhor Weatherby.
Apesar do informal e quase insinuante sorriso, o entrevistador mostrava óbvio aborrecimento.
— Na verdade, senhora Danner — disse, conduzindo-a até o escritório dele —, poderia ter poupado muito tempo e problemas à senhora, a mim e a vários outros, se apenas me houvesse dito ontem que era amiga do senhor Kaulitz.
— O senhor Kaulitz telefonou-lhe e disse que eu era amiga dele? — perguntou Lauren, curiosa.
— Não — respondeu o Weatherby, esforçando-se muito para esconder a irritação. — O senhor Kaulitz ligou para o presidente de nossa empresa, senhor Sampson, que ligou para o vice-presidente executivo, que ligou para o director de operações, que ligou para o meu chefe. E ontem à noite o meu chefe ligou para a minha casa e informou-me que eu ofendera e julgara mal a senhora, que por acaso possui extrema inteligência e é amiga pessoal do senhor Kaulitz. E depois desligou o telefone na minha cara.
Lauren não conseguia acreditar que provocara tamanha comoção.
— Lamento profundamente ter lhe causado tantos problemas — disse, com remorso. — Não foi de todo culpa sua... afinal, de fato, eu me saí mal nos testes.
Ele assentiu com a cabeça, demonstrando simpatia.
— Eu disse ao meu chefe que você não sabia com que lado do lápis escrever, mas ele respondeu que não dava a mínima se dactilografasse com os dedos dos pés. — Levantando-se pesadamente da cadeira, acrescentou: — Agora, se me acompanhar, eu a levarei ao escritório do senhor Williams, nosso vice-presidente executivo, cuja secretária está de mudança para a Califórnia. Ele precisa entrevistá-la para o cargo.
— O senhor Williams é o vice-presidente executivo que telefonou para o director de operações, que telefonou... — começou Lauren, apreensiva.
— Exactamente — interrompeu o senhor Weatherby.
Lauren seguiu-o, atormentada pelo inquietante pensamento de que mesmo se a detestasse, o senhor Williams talvez lhe oferecesse o emprego porque fora intimidado por seu superior. Minutos depois, porém, abandonou essa ideia. Jim Williams, de trinta e poucos anos, tinha o ar enérgico, autoritário, de um homem que jamais seria o fantoche de alguém. Ele ergueu os olhos, desviando-os dos documentos que lia quando o senhor Weatherby chegou com Lauren ao escritório e apontou friamente com a cabeça a poltrona de couro diante da grande escrivaninha.
— Sente-se — disse a ela. Ao outro, dirigiu-se curto e grosso: — Feche a porta ao sair.
Como lhe haviam mandado, Lauren sentou-se e esperou Williams levantar-se e contornar à escrivaninha. Recostando-se na mesa, ele cruzou os braços sobre o peito e olhou para ela de uma forma penetrante.
— Então você é Lauren Danner? — perguntou, calmamente.
— Sou — admitiu a entrevistada. — Temo que sim.
Uma expressão divertida atravessou o rosto dele, suavizando por um momento as frias feições de homem de negócios.
— Deduzo pelo seu comentário que você esteja a par do alvoroço que causou ontem à noite.
— Estou — suspirou Lauren. — De cada detalhe constrangedor e excruciante.
— Sabe soletrar “excruciante”?
— Sei — ela respondeu, totalmente perplexa.
— Com que rapidez consegue dactilografar... quando não está sob a pressão de um teste?
Lauren enrubesceu.
— Cerca de uma centena de palavras por minuto.
— Estenografia?
— Sim.
Sem despregar os olhos do rosto dela, estendeu a mão para trás e pegou um lápis e um bloco da escrivaninha. Entregando-os a ela, disse:
— Anote isso, por favor. — Lauren encarou-o aturdida, depois se recuperou e começou a escrever enquanto ele ditava rápido: — Cara senhora Danner, como minha assistente administrativa, espera-se que desempenhe várias actividades de secretária e realize tais funções de forma eficiente e natural, sendo o elo pessoal entre mim e meus funcionários. Terá, o tempo todo, de respeitar precisamente as directrizes da empresa, não importando sua relação com Bill Kaulitz. Em algumas semanas nos mudaremos para o prédio da Global, e, se alguma vez tentar aproveitar-se da amizade que mantém com o senhor Kaulitz, seja deixando de realizar suas obrigações ou ignorando as regras que se aplicam ao resto do pessoal, eu a demitirei no ato e a acompanharei pessoalmente até a porta da frente. Se, por outro lado, mostrar interesse e iniciativa, eu lhe delegarei o máximo de responsabilidade que deseje aceitar e seja capaz de assumir. Se estiver de acordo, apresente-se ao trabalho aqui em meu escritório às nove horas da manhã daqui a duas semanas a partir de segunda-feira. Perguntas, Lauren?
Ela ergueu os olhos para ele.
— Quer dizer que o emprego é meu?
— Depende se sabe dactilografar esse memorando sem erros num tempo razoavelmente curto.
Lauren ficou demasiado impressionada pela fria e distante oferta de trabalho para sentir-se nervosa com a transcrição do memorando. Em alguns minutos, retornou da máquina de escrever e entrou, hesitante, no escritório dele.
— Eis o memorando, senhor Williams.
Ele olhou para o papel, e depois para ela. — Muito eficiente. De onde Weatherby tirou a ideia de que você é uma cabeça de vento?
— Foi a impressão que passei a ele.
— Importa-se de me dizer o que aconteceu?
— Na verdade, não. Foi tudo um... um mal-entendido.
— Muito bem, deixemos isso morrer aí. Agora, ainda precisamos discutir alguma outra coisa? Sim, claro, seu salário.
O salário que ele citou foi de dois mil euros anuais a menos do que Gordon oferecera, mas este prometera pagar a diferença.
— Bem, quer o emprego?
— Sim — respondeu Lauren, esboçando um sorriso. — E não. Gostaria de trabalhar para você, porque tenho a sensação de que poderia aprender muito. Mas não quero o trabalho se o único motivo de oferecê-lo a mim for por causa de... de...
— Bill Kaulitz?
Lauren assentiu com a cabeça.
— Bill nada tem a ver com isso. Eu conheço-o há muitos anos e somos bons amigos. A amizade, porém, não tem lugar em assuntos profissionais. Ele tem o trabalho dele e eu o meu. Não ouso lhe dizer como fazer o dele, e não gostaria que tentasse me influenciar na escolha de uma secretária.
— Então por que o senhor decidiu entrevistar-me hoje, embora eu não tenha passado nos testes?
Desprendeu-se dos olhos castanhos dele um brilho de prazer.
— Ah, isso. Bem, na verdade, minha antiga secretária, Theresa, por quem tenho o maior respeito, também não caiu nas graças de Weatherby desde o início. Quando eu soube que uma jovem e brilhante candidata a secretária não tinha se dado bem com ele ontem, pensei que talvez fosse mais uma Theresa. Embora não seja, acho que nós dois vamos trabalhar juntos ainda melhor, Lauren.
— Obrigada, senhor Williams. Vejo-o duas semanas depois de segunda-feira.
— Chame-me de Jim.
Lauren sorriu e aceitou o aperto de mãos dele.
— Nesse caso, pode chamar-me de Lauren.
— Achei que já tinha chamado.
— Chamou.
Williams retorceu os lábios.
— Bom para si... não me deixe intimidá-la.
Lauren saiu do prédio escuro para a estonteante luz do sol de um esplêndido dia de Agosto. Ao esperar o sinal mudar de vermelho para verde, sentiu o olhar irresistivelmente atraído para o prédio da Global Industries, do outro lado da rua. “Estaria Bill a trabalhar ali?”, perguntou-se. Ansiava por vê-lo.
O sinal abriu e ela atravessou o largo Bulevar em direcção ao carro. Mas se Bill quisesse vê-la de novo, sem dúvida, teria lhe pedido o número de telefone. Talvez fosse tímido. Tímido! Lauren balançou a cabeça por causa da ideia ridícula, quando estendeu a mão para abrir a porta. Bill Kaulitz nada tinha de tímido! Com aquela beleza e charme indolente, na certa se habituara a mulheres que tomavam a iniciativa e o convidavam a sair...
As portas de vidro do prédio abriram-se e seu coração elevou-se às alturas quando Bill surgiu no seu campo visual. Por um jubiloso momento, acreditou que a vira parada no carro e saíra para falar com ela, mas ele virou à direita e dirigiu-se ao extremo oposto do prédio.
— Bill! — gritou impulsivamente. — Bill!
Ele virou-se para trás e Lauren acenou para ele, sentindo uma felicidade absurda quando o viu caminhar em sua direcção com aqueles passos largos.
— Imagine onde estive? — Ela deu um sorriso radiante. Bill tinha nos olhos cor de mel uma luz provocativa, afectuosa, quando os deslizou pelos lustrosos cabelos cor de mel, presos num elegante coque, o refinado conjunto bege, a blusa de seda e as sandálias marrom-chocolate.
— Desfilando como modelo para a Bonwit Teller? — ele aventurou-se com um sorriso.
Lauren ruborizou-se com o elogio, mas manteve a compostura.
— Não, estive no outro lado da rua, na K’s Electronics, e ofereceram-me um emprego... graças a ti!
Bill ignorou a referência à sua ajuda.
— Aceitas-te?
— Aceitei, sim! O dinheiro é fantástico; o homem com quem vou trabalhar é excelente, e o emprego parece interessante e desafiador.
— Estás satisfeita, então?
Lauren fez que sim com a cabeça... depois aguardou, na esperança de que a convidasse para sair. Em vez disso, ele abaixou-se para abrir a porta do carro dela.
— Bill — interpelou-o antes que a coragem a abandonasse. — Estou a fim de comemorar. Se tu conheces um bom lugar de sanduíches e uma bebida gelada, convido-te a almoçar por minha conta.
Ele hesitou por um momento insuportável, depois abriu um sorriso nas feições claras.
— Foi a melhor oferta que tive o dia todo.
Em vez de dizer a ela aonde ir, Bill sentou-se ao volante e assumiu a direcção. Algumas quadras adiante, virou na Jefferson, e parou num estacionamento atrás do que parecia uma casa de tijolos de três andares reformada. A tabuleta acima da porta dos fundos, feita de madeira escura com profundas letras douradas entalhadas, dizia apenas Tony's. Dentro, a casa havia sido transformada num encantador restaurante, pouco iluminado, com pisos de carvalho escuro, mesas brilhantes de tão bem lustradas, caldeirões e panelas de cobre pendurados artisticamente nas rústicas paredes de tijolos. A luz do sol iluminava as janelas de vitral e toalhas xadrez em vermelho e branco realçavam o aconchego e charme.
Um garçom parado perto da porta saudou-os com um educado “bom-dia” e conduziu-os à única mesa desocupada em todo o restaurante. Quando Bill puxou a cadeira para ela se sentar, Lauren olhou para os outros clientes ao redor. Ela era uma das poucas mulheres lá, mas via-se uma variedade de tipos masculinos. A maioria usava terno e gravata, embora outros, entre eles seu acompanhante, vestia calça e camisa de colarinho aberto.
Um garçom mais velho apareceu à mesa deles, saudou Bill com uma afectuosa tapinha no ombro e um alegre:
— Que bom vê-lo aqui de novo, meu amigo — e começou a entregar-lhe imensos cardápios forrados de couro.
— Vamos querer o especial, Tony — disse Bill e, ao olhar questionador de Lauren, acrescentou: — A especialidade são sanduíches recheados no pão francês... tudo bem para ti?
Como oferecera pagar o almoço, ela achou que ele lhe pedia permissão para escolher algo que custava mais que uma sanduíche comum.
— Por favor, peça o que quiser — insistiu, generosa. — Estamos a comemorar o meu novo emprego e posso dar-me ao luxo de pedir qualquer coisa no cardápio.
— Que tal lhe parece morar em Detroit? — ele perguntou, quando Tony, que parecia ser o dono, já havia se afastado. — Certamente será uma grande mudança para uma menina da cidade pequena do Missouri.
Menina de cidade pequena? Lauren ficou estarrecida. Não era essa a impressão que em geral passava às pessoas.
— Na verdade, morávamos numa zona residencial nos arredores de Chicago até a morte da minha mãe, quando eu tinha doze anos. Depois, mudei-me com o meu pai para Fenster, no Missouri... a cidade onde ele foi criado, e ali ele arranjou um emprego de professor na mesma escola que frequentou na infância. Assim, podes ver que não sou afinal uma completa “menina de cidade pequena”.
A expressão de Bill não mudou.
— És filha única?
— Sim, mas o meu pai casou-se de novo quando eu tinha treze anos. Junto com uma madrasta, também ganhei uma irmã dois anos mais velha que eu e um irmão um ano mais velho.
Ele deve ter captado o tom de desagrado na voz dela ao falar do meio-irmão, porque comentou:
— Achei que todas as meninas gostassem da ideia de ter um irmão mais velho. Tu não?
Um irrepreensível sorriso iluminou o rosto expressivo de Lauren.
— Ah, da ideia de ter um irmão mais velho, sim. Mas infelizmente não gostava de Lenny na época. Nós nos detestamos à primeira vista. Ele provocava-me sem dó, puxava as minhas tranças e roubava dinheiro do meu quarto. Eu retaliava contando a todos na cidade que o rapaz era gay... o que ninguém acreditava, pois acabou por se tornar um tremendo mulherengo!
Bill riu, e Lauren notou que, quando ele sorria, franzia os cantos dos olhos. Lauren foi tomada pela mesma deliciosa agitação dos sentidos como na noite anterior, e com toda cautela baixou o olhar para o pescoço dele.
— E a tua meia-irmã? — ele perguntou. — Como era ela?
— Deslumbrante. Bastava andar pela rua que os rapazes babavam só de olhar.
— Tentava roubar os teus namorados?
Os olhos de Lauren alegraram-se ao encará-lo do outro lado da mesa estreita.
— Eu não tive muitos namorados para ela roubar... pelo menos não até os dezassete anos.
Descrente, ele ergueu uma de suas sobrancelhas escuras para analisar a clássica perfeição das feições dela, os olhos como cetim brilhante turquesa sob o peso dos cílios curvos, e demorou-se nos volumosos cabelos cor de mel. A luz do sol que entrava pelos vitrais ao lado da mesa banhava-lhe o rosto com um suave brilho.
— Acho muito difícil acreditar nisso.
— Juro que é verdade — afirmou Lauren, fazendo pouco caso do elogio com um sorriso.
Lembrava-se com grande clareza da menina sem graça que fora, e embora as lembranças não fossem muito dolorosas, na verdade não dava agora demasiada importância a nada tão duvidoso como beleza exterior.
Tony serviu dois pratos na toalha de mesa em xadrez vermelho e branco, cada um contendo um crocante pão francês cortado em tiras longas, formando uma pilha alta, com recheio de rosbife mal passado em fatias tão finas como se fossem hóstia. Ao lado de cada prato, pôs uma pequena tigela com o caldo de carne.
— É delicioso... prove — recomendou ele. Lauren provou o dela e concordou:
— Delicioso mesmo — disse a Bill.
— Óptimo! — exclamou o dono do restaurante, o rosto redondo e o bigodinho sorrindo esfuziante com um ar paternal. — Então deixe Bill pagar a conta! Ele tem mais dinheiro que a menina. O avô dele emprestou-me o dinheiro para abrir este lugar — confidenciou, antes de afastar-se apressado e repreender um ajudante de garçom desajeitado.
Comeram a refeição em silenciosa camaradagem, entremeada com as perguntas dela sobre o restaurante e o proprietário. Pelo pouco que conseguiu entender das curtas respostas de Bill, a família dele e a de Tony eram amigas havia três gerações. A certa altura, o pai de Bill chegara a trabalhar para o pai de Tony, mas de algum modo a situação financeira deve ter mudado a favor do avô do Bill, para que tivesse dinheiro suficiente para emprestar a Tony.
Quando terminaram de comer, Tony surgiu à mesa para retirar os pratos. O serviço no lugar era bom até demais, pensou Lauren, desanimada. Encontravam-se ali há apenas trinta e cinco minutos, e ela esperava passar, no mínimo, uma hora com o Bill.
— Que tal uma sobremesa? — perguntou Tony, com olhos amistosos voltados para ela. — Para você eu sugiro cannoli... ou um pouco de meu spumoni especial, que não é como os que se encontra nas lojas — garantiu orgulhoso. — É o verdadeiro spumoni italiano: vários sabores e cores de gelado cremoso, distribuídos em camadas e recheados com...
— Pedacinhos de frutas e um monte de nozes. — concluiu Lauren, sorrindo com entusiasmo. — Da maneira que a minha mãe fazia.
O queixo de Tony caiu e ele analisou minuciosamente o rosto da jovem. Após um longo momento, balançou a cabeça numa afirmativa.
— Você é italiana! — proclamou com um largo sorriso.
— Só metade — corrigiu Lauren. — A outra metade é irlandesa.
Em dez segundos, Tony já lhe bisbilhotara o nome completo, o da família da mãe e descobrira que ela ia mudar-se para Detroit, onde não conhecia ninguém. Lauren sentiu-se um pouco culpada por não citar Georg Whitworth, mas como Bill conhecia pessoas na K’s, achou que não devia correr o risco de mencionar sua ligação com Georg na frente dele.
Ela ouvia o que Tony dizia com grande felicidade. Fazia tanto tempo que havia morado em Chicago e visitado os primos italianos, e era tão bom tornar a ouvir aquele fantástico e familiar sotaque!
— Se precisar de alguma coisa, Lauren, procure-me — disse Tony, dando-lhe um tapinha no ombro como fizera com o amigo. — Uma linda jovem sozinha na cidade grande, precisa de alguma família a quem recorrer quando precisa de ajuda. Aqui sempre terá uma refeição... uma boa refeição italiana — esclareceu. — Agora, que tal meu magnífico spumoni?
Lauren olhou para Bill e depois para o rosto de Tony, marcado pela expectativa da resposta.
— Eu adoraria comer um pouco de spumoni. — anunciou, ignorando o protesto do estômago cheio, interessada em prolongar o almoço.
Tony deu um largo sorriso, e Bill retribuiu-o com um ar conspirador.
— Essa menina ainda está em fase de crescimento, Tony.
Os olhos de Lauren escureceram-se de exasperação e confusão diante dessas palavras, e por um minuto traçou, como quem não quer nada, um grande quadrado vermelho na toalha de mesa com a unha feita.
— Bill, posso te fazer uma pergunta?
— Claro.
Ela cruzou os braços na mesa e encarou-o directamente.
— Por que falas de mim como se eu fosse alguma adolescente ingénua?
Bill torceu os lábios, fazendo uma careta engraçada.
— Não percebi que fazia isso. Mas suponho que seja para me lembrar de que tu és jovem, que vieste de uma pequena cidade no Missouri, e na certa és muito ingénua.
A resposta surpreendeu-a.
— Sou adulta, e o fato de ter crescido numa cidade pequena não quer dizer nada! — Parou de falar quando Tony lhe serviu o spumoni, mas tão logo ele se afastou, acrescentou, irritada: — Não sei de onde tiras-te essa ideia de que sou ingénua, mas não sou!
A luz provocadora nos olhos de Bill extinguira-se quando ele se recostou e examinou-a, curioso.
— Não és?
— Não, não sou.
— Nesse caso — ele arrastou a voz imperturbável —, quais são os teus planos para o fim-de-semana?
Lauren sentiu um sobressalto de prazer no coração, mas perguntou, cautelosa:
— Quais são os teus planos?
— Uma festa. Alguns amigos meus vão dar uma festa neste fim-de-semana numa casa em Harbor Springs. Eu estava a ir para lá quando nos encontramos hoje. Fica a umas cinco horas de carro daqui, e voltaríamos no domingo.
Lauren planejara ir directa a Fenster de carro naquela tarde. Por outro lado, a viagem de ida e volta levava apenas um dia, e ela poderia facilmente empacotar todos os seus pertences em menos de uma semana. Tinha mais de duas semanas antes de começar no trabalho novo, portanto, tempo não era problema, e desejava desesperadamente ir à festa com o Bill.
— Tem certeza de que não será inconveniente para os teus amigos se eu for contigo?
— Não será inconveniente; eles esperam que eu leve alguém.
— Nesse caso — sorriu Lauren —, eu adoraria ir. Na verdade, a minha mala já está na bagageira do carro.
Bill olhou para trás e pediu a conta a Tony com um aceno de cabeça. O homem mais velho trouxe-a e a deixou na mesa perto dele, mas com destreza Lauren cobriu-a com a mão e puxou-a para si.
— Eu vou pagar o almoço — declarou, ocultando com todo cuidado o choque diante do valor exorbitante pela quantidade que haviam comido.
Ao estender a mão para pegar a carteira, porém, Bill largou várias notas na mesa e, impotente, ela viu Tony recolhê-las.
— Com esse preço — provocou-o Lauren —, surpreende-me que todas as mesas não estejam vazias.
Tony chegou mais perto, numa atitude confidencial.
— As minhas mesas jamais ficam vazias. Na verdade, só se reserva uma com antecedência se tiver o nome na minha lista. Vou mandar Ricco pôr o seu nome nela. — Ergueu um braço imperioso e três belos jovens garçons morenos aproximaram-se. — São os meus filhos — apresentou-os o orgulhoso Tony. — Ricco, Dominic e Joe. Ricco, ponha o nome de Lauren na lista.
— Não, por favor, não se incomode — apressou-se ela a intervir.
Ele ignorou-a.
— Uma bela rapariga italiana como você precisa de uma família que a proteja e guie numa cidade grande como Detroit. Venha visitar-nos sempre, moramos nos andares acima do restaurante. Ricco, Dominic — ordenou Tony em tom severo —, quando Laurie aparecer, fiquem de olho nela. Joe, fica de olho em Ricco e Dominic! — A Lauren, que quase explodiu numa gargalhada, explicou: — Joe é casado.
Reprimindo a alegria com um esforço, Lauren olhou para os seus quatro designados “guardiões” com feliz gratidão nos olhos.
— Em quem eu devo ficar de olho? — perguntou, provocante.
Em perfeito uníssono, quatro rostos morenos italianos se viraram, acusativos, na direcção de Bill, que na cadeira os observava com uma expressão divertida.
— Lauren disse-me que pode tomar conta de si mesma. — respondeu imperturbável, ao empurrar a cadeira para trás e levantar-se.
Disse que precisava fazer um telefonema e, enquanto o fazia, Lauren desceu o corredor até à casa de anho feminina. Quando saiu, reconheceu os ombros largos e dirigiu-se a um telefone na entrada. Bill falava baixo, em sua voz de barítono, mas uma palavra chegou a ela clara como o toque de um sino: “Ericka.”
*Continua no proximo capitulo*
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:D eu disse que este ia ser grande
xD
Uhuh, é nesta tal festa que se começa a passar uma coisas e depois dela é quando devem querer matar o Bill (a)
muhahahahah
Jinhosssss <33'
PS: Esta semana vou tar mais vezes aqui no blog em principio, o que quer dizer 'mais capitulos' yupiiii !
xD
Phi'K
Está lindo *o*
ResponderEliminarMais cap's +.+
Olha, em principio vou postar a minha e da Bruna num blog que vamos fazer e depois posto a nossa, ok?
Beijinhos
LY <3
Ai que isto tá tão giro *o*
ResponderEliminarDo tipo, o Bill é estúpido em tratá-la como adolescente -.-
E ainda para mais ingénua! --''
Mais :3
Beijinhos :)