quinta-feira, 31 de março de 2011

A Pianist Spy - Capitulo 1

Capitulo 1

  Gordon Whitworth ergueu o olhar com a atenção atraída pelo ruído de passos ligeiros que afundavam no luxuoso tapete oriental esticado no chão de seu escritório presidencial. Recostado na poltrona giratória de couro, examinou o vice-presidente, que avançava a passos largos em sua direcção.
  — Então? — Perguntou, impaciente. — Já anunciaram quem deu o menor lance?
  O recém-chegado apoiou os punhos cerrados na superfície da escrivaninha de mogno polida de Gordon.
  K’s deu o lance mais baixo — disse ele, sem pestanejar. — A National Motors vai lhe dar o contrato para o fornecimento de todos os rádios para os carros que fabricam, porque Bill Kaulitz bateu o nosso preço em míseros trinta mil euros. — Inspirou furioso e expirou num assobio. — Aquele miserável tirou-nos um contrato de noventa milhões de euros diminuindo em um por cento o nosso preço!
  Apenas o leve enrijecimento do maxilar aristocrático de Gordon Whitworth denunciava a raiva que fluía em seu interior, ao dizer:
  — É a quarta vez em um ano que ele nos tira um grande contrato. Uma coincidência, não?
  — Coincidência! — repetiu o vice-presidente. — Não é nada disso, bolas, e você sabe, Gordon! Alguém da minha divisão está na folha de pagamentos de Bill Kaulitz. Algum sacana deve estar a espionar-nos, descobrindo o valor do lance em nosso envelope lacrado e repassando a ele essa informação, para que K’s dê o seu, poucos euros a menos do nosso. Somente seis homens que trabalham para mim sabem o valor de nosso lance para esse serviço, e um deles é o espião.
  Gordon reclinou-se mais na poltrona, e seus cabelos grisalhos tocaram o alto espaldar de couro.
  — Você mandou investigar os seis, e tudo o que ficamos a saber, é que três deles traem as esposas.
  — Então as investigações não foram completas o suficiente! — Empertigando-se, o vice-presidente passou a mão pelos cabelos e deixou pender o braço.
  — Escute, Gordon, sei que o Bill é seu enteado, mas você vai ter de fazer alguma coisa para detê-lo. Ele está determinado a destruí-lo.
  A frieza ficou estampada nos olhos de Gordon Whitworth.
  — Eu jamais o reconheci como “enteado”, e a minha esposa não o reconhece como filho. Agora, o que precisamente, você propõe que eu faça para detê-lo?
  — Infiltrar um espião nosso na empresa K’s e descobrir quem é o contacto dele aqui. Não me importa o que você vai fazer, mas, pelo amor de Deus, faça alguma coisa!
  O áspero toque do intercomunicador na escrivaninha cortou a resposta de Gordon, e ele enterrou o dedo no botão.
  — Sim, que foi, Helen?
  — Desculpe interrompê-lo, senhor — disse a secretária —, mas uma tal de senhora Lauren Danner está aqui, diz que tem uma hora marcada com o senhor para falar sobre um emprego…
  — Tem sim — ele suspirou irritado. — Concordei em entrevistá-la para talvez trabalhar connosco. — Desligou o botão e voltou a sua atenção para o vice-presidente, que, embora preocupado, olhava-o com curiosidade.
  — Desde quando você entrevista candidatos, Gordon?
  — Trata-se de uma entrevista de cortesia — explicou o presidente com outro suspiro de impaciência. — O pai dela é um parente distante meu, primo de quinto ou sexto grau, pelo que me lembro. Danner é um daqueles parentes que a minha mãe desenterrou anos atrás, quando estava a fazer pesquisas para o livro dela sobre a nossa árvore genealógica. Todas as vezes que localizava um novo grupo de possíveis parentes, convidava-os à nossa casa para “uma visitinha agradável” para que pudesse aprofundar-se na questão, obtendo mais dados sobre os ancestrais, com o intuito de descobrir se eram realmente parentes e decidir se valia a pena mencioná-los no livro. Danner era professor numa universidade de Chicago. Não pôde ir, por isso mandou a esposa, uma pianista, e a filha em seu lugar. A senhora Danner morreu num acidente de carro alguns anos atrás, e jamais tive notícias dele depois disso, até a semana passada, quando me ligou e pediu que entrevistasse a filha, Lauren, para uma vaga de emprego. Ele disse que não há nada apropriado para ela em Fenster, no Missouri, onde ele mora agora.
  — Um tanto presunçoso da parte dele ligar para você, não?
  A expressão de Gordon foi tomada por um misto de resignação e tédio.
  — Vou conversar um pouco com ela e depois dispensá-la. Não temos emprego para ninguém com diploma universitário em música. Mesmo que tivéssemos, eu não contrataria Lauren Danner. Jamais conheci, na minha vida, uma menina tão irritante, afrontosa, mal-educada e sem graça quanto ela! Era gordinha, sardenta, tinha cerca de nove anos e uma juba ruiva que parecia nunca ter visto um pente. Usava óculos horrendos de tartaruga e, valha-me Deus, olhava para nós com desprezo!
 
  A secretária de Gordon Whitworth olhou de relance para a jovem, que usava um fato azul-marinho engomado e uma blusa branca, sentada ali na sua frente. Tinha os cabelos de um tom de mel escuro, presos num elegante rabo-de-cavalo, com cachos delicados caindo sobre as orelhas, emoldurando um rosto de impecável e vivida beleza. Maçãs do rosto ligeiramente elevadas, nariz pequeno, o queixo delicadamente arredondado, mas os olhos eram seu traço mais fascinante. Sob o arco das sobrancelhas, longos cílios curvados enquadravam os olhos de um surpreendente e luminoso azul-turquesa.
  — O senhor Whitworth a receberá dentro de alguns minutos — disse a secretária, educadamente, com o cuidado de não encará-la.
  Lauren Danner desviou o olhar da revista que fingia ler e sorriu.
  — Obrigada — disse e tornou a olhar para baixo, às cegas, tentando controlar aquela mistura de apreensão e nervosismo de confrontar-se com Gordon Whitworth.
  Catorze anos não haviam atenuado a dolorosa lembrança dos dois dias que passara na magnífica mansão de Grosse Pointe, onde toda a família Whitworth e até os criados haviam tratado Lauren e a sua mãe com insultante desdém.
  O telefone na escrivaninha da secretária tocou, fazendo o nervosismo de Lauren ir às alturas. “Como”, perguntou-se em desespero, fora parar naquela situação desagradável e insuportável? Se soubesse de antemão que o seu pai ia ligar para Gordon Whitworth, talvez pudesse tê-lo dissuadido. Mas, quando ficou a saber, a ligação já havia sido feita e a entrevista, acertada. Quando tentou protestar, o velho respondera com toda a calma que Gordon Whitworth lhes devia um favor, e a menos que ela lhe apresentasse argumentos lógicos contra a ida a Detroit, ele esperava que ela cumprisse com a sua parte no compromisso.
  Lauren largou a revista, não lida, no colo e deu um suspiro. Claro, podia ter lhe contado como os Whitworth se comportaram catorze anos atrás. Mas, hoje, o dinheiro era a principal preocupação do pai, e a falta deste, punha-lhe rugas de tensão no pálido rosto. Há pouco tempo, os contribuintes do Missouri, apanhados no aperto de uma recessão económica, tinham votado contra um aumento desesperadamente necessário ao imposto escolar. Em consequência, milhares de professores foram imediatamente demitidos, entre eles, o pai dela. Três meses depois, ele voltara de mais uma infrutífera viagem em busca de emprego, dessa vez na cidade de Kansas. Largara a pasta na mesa e sorrira tristemente para Lauren e sua madrasta:
  — Acho que hoje em dia um ex-professor não consegue arranjar emprego nem como limpa-ruas — dissera, parecendo exausto e estranhamente pálido. Massajara, meio distraído o peito perto do braço esquerdo, e acrescentara com ar sombrio: — O que talvez seja melhor. Não me sinto forte o suficiente para varrer.
  Sem mais avisos, sofrera um colapso, vítima de um forte ataque cardíaco.
  Embora seu pai estivesse se recuperando agora, aquele acontecimento mudara o rumo da vida de Lauren. “Não”, corrigiu-se a jovem, ela mesma mudara o rumo da sua vida. Após anos de incansável estudo e cansativos treinos ao piano, e depois de obter o mestrado em música, decidira que não tinha a ambição motivadora, a total dedicação necessária para alcançar sucesso como pianista de concertos. Herdara o talento musical da mãe, mas não sua incansável dedicação à arte.
  Lauren queria mais da vida além da música. De certa forma, essa arte lhe roubara tanto quanto lhe dera. Por causa da escola, dos estudos, dos treinos e por ter de trabalhar para pagar as aulas e a instrução, jamais tivera tempo para relaxar e divertir-se. Quando fizera vinte e três anos, havia viajado a várias cidades dos Estados Unidos, mas tudo que vira dessas cidades foram quartos de hotel, salas de ensaio e auditórios. Conhecera incontáveis homens, porém jamais tivera tempo para mais que uma breve relação. Ganhara bolsas de estudo, prémios e recompensas, mas nunca dinheiro suficiente para pagar todas as despesas sem o fardo adicional de um emprego em meio período.
  Ainda assim, após investir tanto da sua vida na música, parecia errado, um desperdício, jogar tudo fora por outra carreira. A doença do pai e a quantidade desconcertante de contas que se acumulavam tinham-na obrigado a tomar a decisão que vinha adiando. Em Abril, ele perdera o emprego e, com isso, o convénio médico; em Julho, fora-se a saúde também. No passado, ele lhe dera muita ajuda financeira para a escola e as aulas, agora chegara a sua vez de ajudá-lo.
  Ao pensar nessa responsabilidade, Lauren sentiu como se carregasse o peso do mundo nas costas. Precisava de um emprego, dinheiro, e precisava disso já. Olhou ao redor da luxuosa área da recepção e sentiu-se estranha e desorientada ao tentar imaginar-se trabalhando numa imensa empresa industrial. Não que isso importasse, se o pagamento fosse alto o bastante, aceitaria qualquer emprego que lhe oferecessem. Os bons empregos, com oportunidades de promoção, quase não existiam em Fenster, e os que estavam disponíveis pagavam uma quantia deplorável de tão baixa em comparação com outros similares em imensas áreas metropolitanas como Detroit. A secretária desligou o telefone e levantou-se.
  — O senhor Whitworth a receberá agora, senhora Danner. — Lauren seguiu-a até uma porta de mogno esplendidamente esculpida. Quando a secretária a abriu, Lauren fez uma breve e desesperada prece para que o parente do pai não se lembrasse dela da visita de tanto tempo atrás, e entrou no escritório. Anos de apresentação diante de uma plateia tinham-lhe ensinado como esconder o turbulento nervosismo, que agora lhe possibilitavam abordar Gordon Whitworth com uma aparência externa de perfeito equilíbrio, quando ele se levantou, exibindo uma expressão de perplexidade nas feições aristocráticas.
  — Certamente, o senhor não se lembra de mim, senhor Whitworth — disse ela, estendendo, com graça, a mão por cima da escrivaninha —, mas sou Lauren Danner.

*Continua no proximo capitulo*

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Oiii :D
Dia de folga *--* aweee
Aqui o primeiro capitulo 8D
Haviso já que eu chorei com esta fic... por isso...
Ah! E talvez queiram matar o Bill em algumas partes (a)
xD Espero que gostem
Os capitulos são assim para o GRANDINHOS :S
Porque se não a fic ia ser maior do que já é...
Well, kiss <33'

Phi'K

3 comentários:

  1. Está fantástica *o*
    Meu Deus, do tipo...perfeita *o*
    Eu nem sei o que te diga xD
    Deliciei-me ao ler isto :3
    Mais, Phi'zinha :33
    Jinhos ^-^

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  2. Está fantástico *o*
    Beijinhos da mana <3

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  3. Uhhhh +.+
    Sorrý Goma, por só ter começado a ler agora, mas não deu para ser antes...O que interessa é que estou a ler
    E estou a adorar *___*

    A Bunny está contente com a Goma
    Küssý
    ILD♥

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